Título: Mercadante reage e garante que nunca fez uso de caixa 2
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Nacional, p. A4

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse ontem que sua campanha eleitoral em 2002 não recebeu recursos de caixa 2. "Todo o custo da minha campanha foi declarado à Justiça Eleitoral", assegurou ele, da tribuna do Senado, reagindo à declaração do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de que as campanhas petistas apelaram para fontes de financiamento irregulares. Foi também uma resposta direta às insinuações feitas na semana passada pelo líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (PSDB-AM), de que os R$ 710 mil declarados pelo senador petista seriam muito pouco para uma campanha majoritária em São Paulo.

Mercadante explicou que sua "campanha pessoal" custou mesmo R$ 710 mil, mas os gastos com a produção de propaganda eleitoral e aqueles que foram compartilhados com os outros integrantes da chapa majoritária do partido chegaram a R$ 3,417 milhões e foram declarados como despesas pelo próprio PT. "É um costume do PT proceder dessa maneira, porque nossas campanhas são centralizadas", contou.

Individualmente, o custo de R$ 710 mil declarado por Mercadante é o 25.º maior entre os 81 senadores. O maior gasto "oficial" é o do senador Hélio Costa (PMDB-MG), atual ministro das Comunicações, cuja campanha teria custado R$ 2,467 milhões pelos registros na Justiça Eleitoral.

Apenas 16 senadores declararam gastos superiores a R$ 1 milhão, o que seria um indício de recursos de campanha não contabilizados. "As despesas fora da prestação de contas estão presentes em todos os partidos", disse Mercadante, negando, porém, que o mesmo tenho ocorrido em sua própria campanha.

"Acho que as decisões (tomadas pelos ex-dirigentes do PT) não foram democráticas, nem transparentes. Não consigo entender esse caminho do endividamento", afirmou o senador, da tribuna.

NUNCA SOUBE

Mercadante disse que o diretório nacional do PT apenas foi informado sobre uma dívida de R$ 20 milhões, o que seria "administrável" e não exigiria empréstimos. Desses empréstimos, Mercadante diz que nunca tomou conhecimento. "Não sei se ninguém mais sabia. Posso falar por mim. Nunca soube dessas despesas e nunca ouvi falar antes no Marcos Valério", garantiu.

Na sua avaliação, a existência dos empréstimos do PT pode facilmente ser checada com os relatórios que chegarão do Banco Central. Ele defendeu uma reforma política que imponha campanhas mais "austeras" e "diretas", sem tanto recurso às megaagências de publicidade que hoje estão por trás da eleição de qualquer candidato a governador ou presidente. "Acho que só o financiamento público não resolve", opinou.