Título: Advogados negam estratégia combinada
Autor: Eduardo Kattah e Danilo Jorge
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Nacional, p. A5

Os responsáveis por defender o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, assim como seus clientes, também coincidiram em afirmar que as versões dos dois a respeito da origem do dinheiro, os saques milionários feitos nas contas das agências SMPB e DNA e a movimentação irregular de dinheiro pelo PT foram coincidência e não armação. Ou seja, eles não teriam combinado as declarações feitas à Procuradoria-Geral da República. O advogado Marcelo Leonardo, que representa Marcos Valério, garantiu ontem que as versões coincidentes de seu cliente e de Delúbio não foram "armadas na última hora". A explicação apresentada pelos dois foi apelidada de Operação Paraguai por integrantes da CPI dos Correios, numa referência à Operação Uruguai.

"Na hora em que as pessoas falam a verdade, e isso está documentado, é óbvio que haverá coincidências", disse Leonardo. Segundo o advogado de Valério, a interpretação de que a versão apresentada por Valério e pelo ex-tesoureiro petista é uma farsa contábil, resulta da "falta de informação completa das pessoas que, quando tiverem acesso aos dados e documentos, poderão constatar que as transações estão registradas nas instituições financeiras e foram comunicadas ao Banco Central".

Em nota divulgada na sexta-feira e na entrevista ao Jornal Nacional, Valério admitiu que contratou "vários empréstimos"m entre 2003 e 2005, e que os recursos eram repassados ao PT . Valério diz que não conhece e não teve envolvimento com o mensalão.

O advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros Filho, afirmou que "quem tem documentos sobre os empréstimos seria o próprio Marcos Valério que os já teria, inclusive, entregue ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.

"Delúbio soube pela imprensa que Marcos Valério deu em garantia recebíveis de seu contrato com os Correios, fato que ignorava. Alguém já viu Operação Paraguai com garantia de contrato?, indagou Malheiros.