Título: Lula oferece Previdência, PP recusa e pede Cidades
Autor: Vera Rosa e Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Nacional, p. A11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu ontem à noite ao PP do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE), o Ministério da Previdência, hoje ocupado por Romero Jucá, do PMDB. Mas o PP quer Cidades, pasta comandada pelo petista Olívio Dutra, e dá como certa a entrada de Márcio Fortes, atual secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento. Lula vai receber Olívio hoje pela manhã. Fortes não é filiado ao PP, mas é uma indicação assumida pela legenda. É muito amigo de Pratini de Moraes, ministro da Agricultura no governo de Fernando Henrique Cardoso.

"O presidente Lula ofereceu o Ministério da Previdência para o PP. Severino Cavalcanti respondeu: 'Esse ministério não interessa ao partido'", contou o líder do PP na Câmara, José Janene (PR). O deputado confirmou que o PP quer uma pasta mais "robusta" e vê Cidades como "ideal".

Diante do impasse, Lula pediu um tempo para pensar. No encontro que teve ontem à noite, no Planalto, com Severino e o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), disse que não estava em seus planos desalojar Olívio, até porque ele não quer ser candidato ao governo do Rio Grande do Sul, em 2006.

De qualquer forma, se Fortes não for para Cidades, é provável que acabe ficando com Previdência. O PP resiste a aceitar a pasta hoje comandada por Jucá - que deixará o governo depois de uma avalanche de denúncias contra ele - porque julga que ela ficará esvaziada, cuidando apenas de benefícios. Motivo: a fatia destinada à arrecadação será controlada por uma espécie de "Super-Receita", vinculada ao Ministério da Fazenda.

Carlos Wilson, presidente da Infraero, também deve deixar o governo. Para a sua cadeira, o mais cotado é o advogado Ayrton Soares, que foi expulso do PT nos anos 80 por ser contrário à decisão do partido de não participar do Colégio Eleitoral.

Antes de viajar hoje para São Paulo, ao meio-dia, Lula dará posse a Jaques Wagner, que assumirá o novo Gabinete de Coordenação Política e Articulação Institucional. Um dos fundadores do PT, Wagner entra na vaga de Aldo Rebelo (PC do B), que retornará à Câmara. O Ministério da Coordenação Política, tal como existia, foi extinto. Com a mudança de estrutura, Lula cortará cerca de 50 cargos em comissão, os chamados DAS.

Até hoje não foi publicada no Diário Oficial a alteração na Secretaria de Comunicação do Governo (Secom). Luiz Gushiken, chefe da Secom, perdeu o status de ministro, mas ainda despacha com Lula e não com Dilma Rousseff, da Casa Civil.