Título: Gabrielli vai comandar a Petrobrás
Autor: Gerusa Marques e Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

O economista Sérgio Gabrielli é o novo presidente da Petrobrás, informou ontem o Palácio do Planalto. Ele substituirá José Eduardo Dutra (PT), que concorrerá às eleições do próximo ano em Sergipe, seu Estado de origem. Gabrielli já integrava a direção da estatal como diretor Financeiro e de Relações com Investidores, desde fevereiro de 2003. O posto deixado por ele será ocupado pelo atual gerente de Finanças Corporativo da estatal, Almir Barbassa. Ao deixar o comando, Dutra fez seu sucessor. Ele e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, defendiam a nomeação de Gabrielli, enquanto o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), era favorável à indicação de Rodolfo Landim, que preside a BR Distribuidora. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, segundo fontes ligadas à área econômica, manteve-se neutro nesta negociação. A costura política para a escolha do novo presidente da Petrobrás foi conduzida pelo próprio presidente Lula.

O acerto final foi feito ontem pela manhã. Gabrielli foi chamado ao Palácio do Planalto pelo presidente Lula e depois almoçou com a ministra Dilma, que ainda integra o Conselho de Administração da Petrobrás. Antes de o porta-voz adjunto da Presidência, Rodrigo Baena, confirmar a indicação, no meio da tarde, Lula conversou com Dutra por duas vezes pelo telefone.

O principal desafio de Gabrielli será comandar a empresa para alcançar a auto-suficiência na produção de petróleo. A previsão é de que a estatal, já em setembro, produza o mesmo volume de petróleo consumido no País, que hoje é de 1,8 milhão de barris/dia, em média.

Além da exploração de petróleo, a Petrobrás deverá ainda consolidar sua atuação no mercado de gás natural, com projetos como o da malha de gasodutos nas Regiões Sudeste e Nordeste. Sua escolha indica que, tal como foi feito na área de energia elétrica, a opção do governo foi pela continuidade.

A saída de Dutra faz parte da reforma que vem sendo conduzida por Lula para retirar do governo todos que pretendam concorrer nas próximas eleições. Destes, o único que até o momento não foi substituído é Carlos Wilson, o petista que preside a Infraero.

A troca de comando em postos-chave no governo, como ministérios e empresas estatais, seguiu, além de vertentes políticas, para acomodar partidos aliados, como o PMDB, também o critério das candidaturas.

Lula não quis manter no governo candidatos às eleições do próximo ano, que teriam de se desincompatibilizar de seus cargos em abril de 2006.