Título: 'Não escondemos nada na cueca'
Autor: Eduardo Nunomura
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2005, Nacional, p. A10

Ex-PFL, bispo diz que virou mártir e vai 'arrebentar de votos'

Para o bispo João Batista Ramos da Silva, as pessoas podem ter se surpreendido com a quantidade de dinheiro apreendido na semana passada pela Polícia Federal. Acuado, ele se justificou com o seguinte raciocínio: se cada um dos 6 mil templos da Igreja Universal tiver 500 fiéis e todos doarem R$ 10, a soma das ofertas será de R$ 30 milhões. "Então R$ 10 milhões não é surpresa para nós." Veja trechos da entrevista ao Estado: Por que malas de dinheiro e não depósitos bancários?

Todo o dinheiro vem para São Paulo, que paga todas as contas. Temos 3,5 mil funcionários diretos no Brasil. Recolhemos R$ 5,2 milhões de impostos. Só de aluguéis pagamos R$ 13 milhões por mês. Então para algumas pessoas o valor R$ 10 milhões pode ser muito alto, mas a Igreja Universal é grande, Deus tem abençoado, temos cerca de 6 mil templos. Não temos nada que esconder, não escondemos nada na cueca.

Como o senhor viu a decisão do PFL de expulsá-lo?

O PFL tinha de tomar uma atitude para descolar esse fato do partido. O PFL se sentiu frustrado também, porque naquele fim de semana o cara do cuecão estava cheio de dólares, além da maleta. A turma já vinha preparada para jogar pesado em cima do PT. Esse fato fez com que tudo fosse arrefecido, esfriado.

O sr. virou bode expiatório?

Sou PFL, ainda que o PFL não me queira. A única coisa que me deixou frustrado foi a maneira de fazer a coisa. O meu querido presidente, (senador Jorge) Bornhausen (SC), ligava para meu celular: "Meu amigo João Batista." Era esse o relacionamento. Nesse momento o partido tinha de me chamar, puxar a orelha. Em nenhum momento me chamaram para que fosse ouvido.

O senhor acredita que houve uma tentativa do PT de tentar desviar o foco?

Sem querer, eu quebrei o galho do PT. É isso. Sem querer eu tirei o foco do cuecão.

Com os dois episódios de apreensão de dinheiro pela Polícia Federal, a imagem da Igreja Universal não foi atingida?

Olha, a Igreja Universal é como omelete, quando mais bate, mais cresce. Isso para nós é ótimo. Gostamos quando tem uma perseguição, porque nosso povo fica uma "pilha". Eles estão me fazendo de mártir. Nas próximas eleições, eu vou arrebentar de votos. Agora sou conhecido em todos os cantos, em todas as esquinas.