Título: Adauto admite que recebeu ajuda
Autor: Renato Alves
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2005, Nacional, p. A5

O prefeito de Uberaba, o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PL), admitiu ontem ao Estado que o ex-assessor e hoje secretário de Governo de Uberaba, José Luís Alves, retirou a seu pedido "entre R$ 120 mil e R$ 150 mil" no Banco Rural, em Brasília. O nome de José Luís está na lista de sacadores do Rural entregue pelo publicitário Marcos Valério de Souza à Procuradoria-Geral da República. "Eu falo em nome do José Luís. Ele retirou dinheiro a meu pedido", afirmou. Adauto alegou que entre 2002 e 2003 - ele foi ministro de janeiro de 2003 a março de 2004 - suas contas ficaram no vermelho. "Pedi uma ajuda ao Delúbio (Soares, ex-tesoureiro do PT) e ele me atendeu. Só não perguntei de onde vinha o dinheiro. Agora é que estou sabendo", assegurou. "Quero dizer mais uma vez que passei no vermelho e o Delúbio me ajudou sim. O Zé Luís retirou a meu pedido um dinheiro arrumado pelo Delúbio."

Essa é a segunda vez que o nome de Adauto aparece nas denúncias. Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Valério, acusou um irmão do ex-ministro, Edson Pereira, de buscar uma mala com R$ 100 mil na agência SMPB, da qual Valério era sócio. Ele explicou que seu irmão foi à agência "para pegar papéis referentes a um projeto de campanha eleitoral".

A temporada nos Transportes também foi tumultuada. Adauto foi alvo de denúncias sobre o seu possível envolvimento num desfalque de mais de R$ 4 milhões na prefeitura de Iturama, no Triângulo Mineiro.

Ele foi pivô, ainda, de investigação feita pelo Senado sobre suposto favorecimento à empreiteira Queiroz Galvão em pagamentos do ministério. A denúncia foi feita pelo ex-diretor financeiro do Departamento de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Sérgio Pimentel.

Adauto garante que o "dossiê Iturama" foi "uma molecagem" e já esclareceu tudo na Justiça. No que se refere ao caso Queiroz Galvão, afirma que apenas tentou atender a uma reivindicação de lideranças de Pernambuco, "mas não houve proteção ou negociata".