Título: Exportações dão impulso à inovação na indústria
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2005, Economia & Negócios, p. B4

Pesquisa do IBGE mostra disseminação de cultura de P&D em processos e produtos no País, entre 2000 e 2003

A taxa de inovação da indústria brasileira subiu em 2003, apesar do cenário adverso da economia naquele ano, impulsionada pelo aumento da participação das pequenas empresas e as exportações. Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra que houve uma "disseminação cultural" de inovação de produtos e processos no País, muitas vezes vinculada à imitação de produtos já existentes no mercado. A economista responsável pela Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), Mariana Rebouças, avalia que "mesmo em cenário adverso, as empresas inovaram mais. Isso tem a ver com exportações mas parece que há uma disseminação da cultura da inovação".

Mariana lembrou que 2003 foi um ano de políticas "extremamente restritivas" mas, ainda assim, a taxa de inovação (resultado do cálculo do número de empresas inovadoras dividido pelo total de empresas com 10 ou mais empregados no País) subiu de 31,5% em 2000 para 33,3% em 2003.

A maior parte das inovações trouxe novidades para as próprias empresas responsáveis pelo desenvolvimento. A pesquisa mostrou que, das 28 mil empresas que fizeram inovações, 25 mil "inovaram para si próprias", ou seja, produziram algo que não tinham fabricado antes, mas que já existia no mercado nacional ou mundial.

Segundo a pesquisa, inovações para o mercado nacional foram apresentadas por 2,8 mil empresas e inovações para o mercado mundial, por 177. Entre os produtos inovadores para o mercado internacional, destacam-se ovos trufados de páscoa, tecidos com cápsulas hidratantes, barras salgadas de cereais e motores de automóveis do tipo Flex (que aceitam mais de um tipo de combustível).

A Electrocoating, de Diadema (SP), desenvolveu uma inovação mundial. O diretor da empresa, Edson Feitoza, comemorava ontem a inclusão na estatística e disse que direciona pelo menos 15% do faturamento para pesquisa e desenvolvimento.

Feitoza hoje é exclusivo da Lord, empresa americana que produz tintas para o setor de autopeças e, no Brasil, encontrou a solução para a venda do produto em máquinas desenvolvidas pela empresa paulista.

O Brasil ultrapassou a Espanha na taxa de inovação em 2003. Enquanto os espanhóis reduziram a sua taxa de 34,8% em 2000 para 24,7% em 2003, a brasileira, que estava atrás em 2000 (31,5%) subiu para 33,3% no período. O país europeu é o único no mundo a separar a taxa industrial dos serviços e que já divulga os dados de período similar ao investigado pelo IBGE.