Título: CPI dos Bingos abre sigilo de Buratti
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2005, Nacional, p. A10

A CPI dos Bingos, no Senado, aprovou ontem a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do empresário de jogos eletrônicos Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, e de Rogério Tadeu Buratti, suspeito de intermediar as negociações da Caixa Econômica Federal no processo de renovação do contrato com a multinacional Gtech do Brasil para exploração dos jogos lotéricos oficiais. Buratti foi secretário de Antonio Palocci quando o atual ministro da Fazenda era prefeito de Ribeirão Preto (SP). A comissão aprovou também a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do presidente da Gtech, Antonio Carlos Lino da Rocha, da própria empresa, de Henrique Giannelli (advogado do escritório que presta serviços à Gtech), e do consultor da presidência da Caixa Ralph Barket, morto em junho de 2003.

O relator da CPI, Garibaldi Alves (PMDB-RN), considerou indispensável a abertura das contas de Barket, porque ele teria trocado cerca de 500 telefonemas com Buratti, na época da renovação do contrato da multinacional com a Caixa.

Segundo o peemedebista, as informações sobre o número de telefonemas trocados entre Buratti e Barket constam de inquérito da Polícia Federal.

A CPI ouviu ontem o depoimento do ex-diretor da Loteria do Rio Grande do Sul (Lotergs) José Vicente Brizola. Ele afirmou que o financiamento de campanhas eleitorais do PT por empresários de jogos, no seu Estado, foram "precursoras" das denúncias de corrupção feitas hoje contra o partido e o governo.

José Vicente, filho do ex-governador Leonel Brizola, presidiu a Lotergs por pouco mais de um ano. Ele afirmou que, naquele período, o filho da então senadora Emília Fernandes (PT), Carlos Fernandes, solicitou-lhe que pedisse recursos à concessionária de jogos no Estado para capitalizar campanhas do Partido dos Trabalhadores.

José Vicente disse também que, como presidente da Lotergs, nada decidia e que tudo era definido pelo secretário estadual da Fazenda. Disse que considerou suspeito o fato de o governo do Estado, então nas mãos do PT, não ter recorrido à Justiça quando perdeu, em primeira instância judicial, uma ação em que tentara anular licitação vencida por Cachoeira.

A licitação fora revogada pelo governo, mas Cachoeira recorreu, ganhou e o governo não contestou. José Vicente disse que a empresa de Cachoeira vencedora da licitação, a Capital Construção, não atendia às exigências da disputa.