Título: Chávez aumenta militar para 'guerra'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2005, Internacional, p. A18

Presidente eleva soldos em até 60% e se diz preparado para luta prolongada 'contra o império americano e seus lacaios venezuelanos'

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem um aumento de 50% a 60% no soldo dos militares a partir do dia 1º. Dizendo-se preparado para uma "prolongada guerra contra as forças do império americano e seus lacaios nacionais", Chávez, fardado, fez o anúncio durante o desfile do Dia do Exército e do 184º aniversário da independência do país. "Vamos celebrar com o moral sempre alto, unidos, fazendo história, a nova história, a nova pátria e a revolução bolivariana", discursou Chávez em Forte Tiuna - o principal quartel do Exército do país -, em Caracas. "Que ninguém se engane conosco, aqui ou no exterior."

Chávez pediu aos comandantes militares que "aprofundem a revolução", caso "setores desesperados" da oposição o assassinem. No começo da semana, o presidente denunciou um plano de "elementos enlouquecidos" que estariam planejando matá-lo para frustrar o que chama de revolução bolivariana. Dias depois, o ministro do Interior, Jesse Chacón, afirmou que um grupo de conspiradores se reuniu na Colômbia para preparar um atentado contra Chávez. Essa reunião, segundo Chacón, teria ocorrido na casa do empresário Pedro Carmona, que se exilou em Bogotá dias depois de proclamar-se sucessor de Chávez em meio ao fracassado golpe de Estado de 2002.

Desde que chegou ao poder, em 1999, Chávez tem denunciado em várias ocasiões planos da oposição para matá-lo. Diversos desses projetos, sustentam os partidários do presidente, são arquitetados e financiados pelo governo americano e grupos anticastristas de Miami. O Departamento de Estado americano nega com veemência essas versões.

"Calculam mal se pensam que isso facilitará uma invasão ou intervenção na Venezuela", discursou Chávez na cerimônia militar. "Se chegam a matar-me e invadem nossa terra, terão de agüentar a contra-ofensiva para expulsá-los daqui, custe o que custar e corra o sangue que tiver de correr. Os que nos odeiam não descansarão em seu empenho de minar a coesão monolítica das Forças Armadas", acrescentou.

Há dois meses, alegando a necessidade de resistir a uma intervenção estrangeira, Chávez instituiu uma força voluntária na qual pretende reunir mais de 1 milhão de reservistas. Antes, o presidente venezuelano anunciou uma compra milionária de equipamento militar da Rússia e da Espanha, levantando os temores de uma corrida armamentista na região.