Título: Fortes é suspeito de licitação dirigida
Autor: Leonencio Nossa e Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2005, Nacional, p. A15

A Controladoria-Geral da União (CGU) está convencida de que Márcio Fortes de Almeida, indicado pelo PP ao presidente Lula para assumir o Ministério das Cidades, cometeu irregularidades quando ocupava era secretário-executivo da Agricultura, entre 1999 e 2002. Ele teria dirigido o processo de contratação da empresa de informática Poliedro para prevenir os efeitos do bug do milênio, permitindo o pagamento indevido de R$ 5,3 milhões.

No fim de 2004, a CGU recomendou apurar o caso. Atual secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Fortes conseguiu o apoio dos ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Roberto Rodrigues (Agricultura) contra a decisão da CGU. Até o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, tentou convencer o ministro da CGU, Waldir Pires, a voltar atrás. Mas Pires se recusou, avaliando que havia "indícios veementes da prática de atos de irregularidades".

Numa sindicância interna, Rodrigues inocentou Fortes. A CGU recomendou-lhe que anulasse a sindicância. Mas um acórdão determinou o arquivamento de processo que tramitava no Tribunal de Contas da União (TCU), e isso enfraqueceu a recomendação da CGU. Pires, então, enviou os documentos para o Ministério Público Federal.

Em 2002, Fortes teve seu comportamento ético posto em dúvida publicamente pelo PT, hoje aliado ao seu PP. Na época, o senador Tião Viana (PT-AC) apresentou ao Senado requerimento de informações do então ministro da Agricultura, Pratini de Moraes sobre Fortes, seu secretário-executivo. "Face aos reiterados comentários negativos que tenho recebido acerca da atuação do aludido servidor, pairam fortes suspeitas de que suas ações no Ministério da Agricultura talvez não estejam identificadas com os princípios éticos que devem nortear a conduta de um servidor público", diz Viana no requerimento.

O senador solicitava "o detalhamento dos gastos" do ministério com passagens aéreas e diárias" para Fortes, "desde o momento de sua investidura no cargo e até a presente data". Também queria "as razões que motivaram as referidas viagens e a descrição dos resultado auferidos em suas missões durante o período em que esteve ausente de Brasília".