Título: Al-Qaeda dá ultimato à Europa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2005, Internacional, p. A17

A Al-Qaeda, rede terrorista de Osama bin Laden, lançou ontem em Dubai, Emirados Árabes, um ultimato pela internet aos países europeus que mantêm tropas no Iraque: retirem-se em 30 dias ou sofrerão as conseqüências. A ameaça é datada do dia 16 e assinada pelas Brigadas Abu Hafs al-Masri, da Al-Qaeda: "Esta é nossa última mensagem aos Estados cruzados europeus: Dinamarca (530 soldados), Holanda (800), Grã-Bretanha (8.930), Itália (3.160) , Polônia (1.700), Hungria (300), Lituânia (105), Letônia (120), Estônia (55), Romênia (730), Bulgária 400), Albânia (73), Macedônia (28) e Portugal (4). Vocês têm 30 prazo até 15 de agosto para retirar seus soldados das terras da Mesopotâmia (Iraque). Será uma guerra sangrenta a serviço de Deus."

Esse grupo assumiu a autoria dos atentados de Londres, no dia 7, com 56 mortos; Madri, 11 de março de 2004, com 191 mortos; e Istambul, 3 de novembro de 2003, com 63 mortos.

O nome Abu Hafs al-Masri é homenagem ao chefe das operações militares da Al-Qaeda no Afeganistão morto em outubro de 2001 durante a invasão do país por tropas americanas.

Em Islamabad a polícia paquistanesa prendeu 25 islâmicos radicais suspeitos de envolvimento nos atentados de Londres. Entre os detidos há supostos membros da Al-Qaeda e líderes de grupos islâmicos proscritos de Lahore e Caxemira.

Já as autoridades egípcias anunciaram uma conclusão da Scotland Yard de que o químico Magdi el-Nashar, suspeito de ter fabricado as bombas, é inocente. Mas ele continuará preso por mais alguns dias.

Por sua vez, a Scotland Yard está concentrando boa parte de seu esforço investigatório no rastreamento dos financiadores dos atentados. A Yard analisa cuidadosamente todo tipo de transação financeira dos quatro homens-bomba já identificados, feitas por meio de cartões de crédito e da internet. Também estão sendo checadas as contas bancárias deles e de parentes.

Os usuários do metrô londrino tiveram uma surpresa na manhã de ontem. Agentes da Scotland Yard começaram a patrulhar as estações e outras dependências com cães farejadores.

Nas bancas de jornais, o destaque era para uma pesquisa feita pelo jornal The Guardian. Ela revela que 65% dos britânicos acreditam que exista uma conexão clara entre a decisão do primeiro-ministro Tony Blair de enviar tropas ao Iraque e os atentados do dia 7.

A mesma opinião é manifestada pela renomada Chatham House, antigo Instituto Real de Assuntos Internacionais. "A Grã-Bretanha corre um risco particular porque é o aliado mais próximo dos Estados Unidos na invasão do Iraque", diz a entidade em relatório. A Chatham House destaca também que o governo britânico subestimou a ameaça terrorista até 2001 ao dar, durante muito tempo, refúgio a extremistas islâmicos que preparavam atentados.