Título: Empresários estão menos confiantes
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

A crise política, aliada aos juros altos e ao câmbio desfavorável às exportações derrubou o otimismo do empresário industrial, segundo mostra pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) atingiu em julho o seu menor valor desde outubro de 2002. Numa escala de 0 a 100, o índice de confiança atingiu 50,7 pontos, registrando queda pelo segundo trimestre consecutivo. Em janeiro, o indicador estava em 64,9 pontos; em abril, caiu para 55,8 pontos.

Para a CNI, o resultado de julho aponta para a continuidade do processo de desaceleração da atividade industrial. "A queda deve estar refletindo o ambiente de incertezas que tem dominado o setor político nos últimos dois meses e, de certo modo, a desaceleração da economia que ocorreu ao longo do primeiro semestre na esteira da alta dos juros", afirmou o coordenador a unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "É possível que ainda assim estejamos apenas numa situação momentânea e que, com a retomada da economia no segundo semestre, seja possível a reativação dos investimentos."

Na avaliação dos empresários, a situação atual das empresas, da economia em geral e do setor de atividade de atuação piorou nos últimos seis meses. Outro fator que influenciou negativamente, segundo a CNI, foi a deterioração nas expectativas com relação ao próximo semestre. A pesquisa ouviu 1.356 empresários entre os dias 28 de junho e 15 de julho.

A pesquisa questionou os empresários quanto à sua avaliação do desempenho da economia nos últimos seis meses. Em julho, o índice correspondente a essa questão ficou em 36,4 pontos, ante 45,9 pontos registrados em março. O índice vem declinando desde o início do ano.

Também foi indagado aos empresários sobre o que esperam da economia em geral nos próximos seis meses. O indicador recuou de 55,5 pontos em abril para 48,5 pontos em julho. O resultado mostra que o empresariado está pessimista quanto ao quadro econômico no futuro próximo.

No entanto, as expectativas quanto ao desempenho do próprio setor e da própria empresa não se deterioraram tanto. O indicador que mede a expectativa em relação à própria empresa passou de 64,3 pontos para 60,1 pontos, também o menor índice desde outubro de 2002. Castelo Branco explicou que esses indicadores não estão tão altos como em alguns meses atrás, mas, ainda assim, permanecem elevados, mostrando expectativa positiva para o desempenho das empresas no próximo semestre.