Título: 'FT' destaca bons índices econômicos
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

O jornal Financial Times, na coluna "Lex", afirma que a corrupção na América Latina não é um fato novo, "mas o crescente escândalo no Brasil é o pior desde que o presidente Collor foi expulso em 1992 e poderá ainda custar o escalpo do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva". Mas o jornal afirma que a estabilidade econômica é um objetivo consensual no País e isso tem tranqüilizado os mercados. Segundo o diário britânico, o governo, já dependente de uma coalizão fragmentada de apoio parlamentar, será inevitavelmente enfraquecido. E isso significa desaceleração nas reformas que o Brasil tanto necessita.

O FT observa que, embora o doloroso ajuste da década passada esteja finalmente rendendo frutos econômicos, medidas importantes como a reforma tributária e a independência do Banco Central (BC) parecem que serão adiadas.

AMBIENTE FAVORÁVEL

"E a crise não vai ajudar na meta de longo prazo de melhorar a confiança na estrutura regulatória e legal para investimentos, tanto domésticos como estrangeiros, necessários para elevar o crescimento acima dos seus atuais 4%."

O FT observa que até o momento os mercados têm se mantidos tranqüilos diante da crise.

"Isso reflete parcialmente o ambiente externo favorável - juros baixos, preços altos das commodities e liquidez abundante - que tem permitido que a América Latina atinja seus requisitos de financiamentos externos para esse ano e tenha melhorado seus indicadores de endividamento. Isso fortaleceu a capacidade de o Brasil superar períodos de incerteza e reduziu a probabilidade de contágio sobre outros mercados emergentes se o escândalo se agravar."

Segundo o FT, os mercados estão certos ao manter a calma diante da crise. As reformas serão atrasadas e parece menos provável que Lula vença as eleições em 2006.

"Mas há um amplo consenso dentro do País sobre o que é necessário ser feito", afirma o jornal. "Essa é a primeira vez que estabilidade de preços e democracia competitiva coexistem no Brasil, pelo que se pode recordar, e todos os partidos parecem unidos em sua posição de não permitir que essa conquista seja jogada fora."