Título: Costa até já faz discurso em tom de despedida
Autor: Christiane SamarcoCida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2005, Nacional, p. A4

Mais uma vez com seu nome na lista de ministros à beira do corte, Humberto Costa, da Saúde, fez ontem um discurso emocionado, repleto de elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quase em tom de despedida. Definindo-se como um homem que dedica "total fidelidade" ao presidente, Costa afirmou que qualquer que seja a decisão do presidente, ele irá apoiar. "Considero-me uma pessoa privilegiada por fazer parte deste governo de esquerda", disse. Ao anunciar, no Palácio do Planalto, a declaração de utilidade pública de um medicamento usado no tratamento de pacientes com aids, o ministro disse que até agora não foi chamado pelo presidente para tratar de reforma ministerial. E completou: "Mas ele deverá me chamar, quando houver qualquer definição." Desde que assumiu a pasta da Saúde, Costa é apontado como um possível candidato ao governo de Pernambuco. Nos últimos dias, a tese de que futuros candidatos deveriam deixar o governo ganhou corpo. Costa, no entanto, disse não haver ainda nenhuma definição sobre a sua candidatura. Segundo ele, cabe ao partido e ao presidente decidir.

"Qualquer que seja a decisão, vou apoiar. Tenho dedicação viceral ao partido" Além de Costa, são apontados como virtuais candidados ao governo de Pernambuco o prefeito João Paulo e o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos.

Nas outras duas reformas ministeriais, Costa também teve seu nome liderando a lista de ministros afetados. Na reforma mais recente, um de seus assessores mais próximos chegou a dizer que já estava com a "gaveta arrumada" para o retorno para casa. Na última hora, no entanto, ele foi preservado. Para a sua manutenção no cargo, contribuíram dois fatores: a intervenção federal em hospitais do Rio e, indiretamente, ultimato feito pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti ao presidente Lula, reivindicando cargos no governo.

Genoino: PT não será obstáculo a um governo mais amplo - São Paulo, 24 - O presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou hoje que seu partido não será obstáculo à intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de construir um governo de ampla maioria, incluindo uma maior participação do PMDB. "O PT não será obstáculo, pois o governo do presidente Lula tem de ser amplo para garantir as prioridades e projetos", reiterou.

Na avaliação do dirigente, o PT sempre defendeu um governo de coalizão, que viabilizasse projetos estratégicos e prioritários para o País. "Isso é resolução do Diretório Nacional, e não entra em contradição com a governabilidade e com a negociação com os movimentos sociais." Na sua avaliação, dialogar com a sociedade e fazer um governo de ampla aliança política "faz parte do procedimento democrático". Genoino rejeitou a avaliação de que essa coalizão possa implicar em perda de espaço para o partido. "O objetivo do PT é que o governo seja amplo para garantir programas, projetos de crescimento econômico e social, política externa, investimento em infra-estrutura e prioridades legislativas, tais como as reformas política e tributária", reiterou.

Segundo ele, o PT já declarou que o presidente Lula, como chefe de governo e de Estado, tem inteira liberdade para fazer as mudanças que achar corretas e necessárias em sua administração. E repetiu: "temos de garantir as prioridades governamentais".

Genoino passou o dia de hoje na sede do PT, no bairro da Liberdade, na Capital, em reuniões internas.

Ele evitou, contudo, comentar a reunião que teve com o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Também estiveram na sede do PT na tarde de hoje o tesou reiro Delúbio Soares e o secretário-geral Silvio Pereira. Como sempre, os dois evitaram falar com a imprensa. (Elizabeth Lopes)