Título: Renan nega acordo para adiar CPI dos Bingos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2005, Nacional, p. A14

Mas outros dois senadores, Arthur Virgílio e Aloizio Mercadante, reafirmam que ela não funcionará antes de agosto

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), resolveu não levar em consideração o acordo firmado entre os líderes dos partidos aliados e de oposição para adiar a instalação da CPI dos Bingos para o segundo semestre. Renan ficou preocupado com o desgaste da imagem do Congresso, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido que o presidente do Senado era obrigado a indicar os nomes dos integrantes da CPI dos Bingos. Os líderes vão reunir-se na terça-feira para decidir se a Comissão será ou não instalada antes do recesso de julho. "Esse acordo não aconteceu em meu gabinete. Não entendo como líderes partidários que entraram no Supremo para que a CPI dos Bingos funcionasse façam um acordo para que ela não seja instalada", argumentou Renan. Anteontem, depois de deixarem o gabinete da presidência do Senado, os líderes aliados e de oposição foram enfáticos ao defender o adiamento da instalação da CPI dos Bingos e de outras duas que estão à espera da indicação dos integrantes.

Apesar da irritação do presidente do Senado, os líderes do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), confirmaram o acordo.Na avaliação de Mercadante, "é improcedente, inoportuno e inviável" o funcionamento de várias CPIs ao mesmo tempo no Senado. "Ninguém disse que a CPI não seria instalada. O que se discutiu foi o momento de instalá-la. É evidente que não temos condições de instalar mais CPIs", afirmou Mercadante. "O que foi acordado é que não deveríamos instalar a CPI imediatamente. Agora, as pessoas têm direito a mudar de posição", completou.

Para o líder tucano, os esforços do Senado estão voltados para a CPI dos Correios. "Ficou acertado que seria estabelecido um prazo para a entrada em vigor das outras CPIs. Não ouvi ninguém na reunião protestando contra isso", disse Virgílio.

Assim como Renan Calheiros, o líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), garantiu que não houve acordo na reunião. "Fui um dos que entraram com a ação no Supremo para que a CPI dos Bingos fosse instalada. Como é que eu iria concordar com o adiamento dela?", indagou. "Essa desculpa de que outra CPI vai parar o Senado é um engodo", reagiu o senador Geraldo Mesquita (Psol-AC).

Na sessão de anteontem à tarde do Senado, Renan Calheiros leu o nome dos 15 senadores titulares e nove suplentes que irão integrar a CPI dos Bingos.

Além da CPI dos Bingos, há um pedido de CPI para o caso Waldomiro Diniz e uma outra para apurar eventuais irregularidades nas privatizações do governo de Fernando Henrique Cardoso. O líder do PMDB, senador Ney Suassuna (PB), propôs que seja feito um requerimento com a fusão da CPI dos Bingos e a de Waldomiro Diniz.

Renan Calheiros deu prazo até quarta-feira para que saia uma definição sobre a CPI mista do mensalão - mesada de R$ 30 mil que seria paga a deputados do PL e do PP para votar com o governo, segundo denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

O Senado quer que a Comissão funcione apenas na Câmara, não sendo integrada por senadores. "Não faz sentido o Senado investigar quebra de decoro de deputados. É portanto natural que a Câmara investigue e dê as respostas que o País está esperando", argumentou o presidente do Senado.