Título: MP e polícia não acreditam na versão de empresário
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2005, Nacional, p. A14

Waschek Neto afirmou na CPI que não está ligado a nenhum esquema político nem financiou campanhas

O empresário Artur Waschek Neto afirmou ontem que não está vinculado a nenhum esquema político, nunca financiou campanhas, nem tinha intenção de desestabilizar o governo ao mandar gravar a fita de vídeo em que o ex-chefe do Departamento de Compras dos Correios Maurício Marinho aparece recebendo propina. Ele disse que estava sendo prejudicado nos seus negócios com a estatal e que sua intenção era desmascarar um diretor que estaria fraudando as licitações em troca de suborno. O depoimento que Waschek prestaria ontem ao Ministério Público Federal foi adiado para dia 11. Os procuradores alegaram que não haviam recebido a cópia do depoimento que o empresário prestou à CPI dos Correios e não tiveram tempo de analisar a licitação para compra de 9 mil cofres, razão principal da indignação de Waschek.

O Ministério Público e a Polícia Federal não estão convencidos da versão de Waschek. Ele tem ligações estreitas com o ex-araponga Arlindo Molina, a quem entregou cópia da fita e articulou-se com velhos membros da espionagem para fazer a gravação. Há indícios de que o empresário teria sido um mero intermediário de agentes da inteligência do governo, a Abin, que estaria infiltrada nos Correios desde o final de 2004.

Segundo a PF, Waschek fez vários serviços terceirizados para a Abin. Até a maleta usada na gravação teria sido emprestada por agentes da Abin. O empresário e os executores do serviço, os arapongas Joel dos Santos Filho e João Mancuso, teriam sido instruídos pelos agentes sobre como usar o equipamento.