Título: Emprego formal cresce menos
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/07/2005, Economia & Negócios, p. B5

A criação de empregos formais no governo Luiz Inácio Lula da Silva segue desacelerando. Em junho, surgiram 195.536 novos empregos com carteira assinada. O saldo é positivo, mas menor em relação ao mês de maio, quando foi de 212.450 novas ocupações. É também menor do que os 207.895 registrados em junho do ano passado. Considerando o saldo de novas vagas abertas no primeiro semestre deste ano, a situação se repete. De acordo com os números divulgados ontem pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o mercado de trabalho criou, nos seis primeiros meses do ano, 966.303 novos empregos, menos do que no mesmo período do ano passado: 1.034.656 vagas.

O novo ministro do Trabalho admite a desaceleração, mas se diz otimista em relação ao futuro. "Desaceleração não é estagnação. A geração de empregos diminuiu o ritmo, mas não parou", observou. Para Marinho o País iniciará, em breve, a retomada do crescimento. "Não há nada no horizonte que indique o contrário."

O ministro atribuiu a desaceleração aos juros altos e ao câmbio, mas argumentou que esse cenário está mudando. "Os juros já pararam de subir e, se depender da minha torcida, a taxa começará a cair já este mês." A queda da taxa de juros, de acordo com Marinho, levará a um ajuste natural do câmbio.

Os dados divulgados ontem mostram que setores ligados à exportação já estão cortando vagas. São exemplos a indústria da madeira e mobiliário (menos 2.597 empregos no mês), a indústria da borracha, fumo, couros e peles (menos 2.545), a indústria de calçados (menos 1.797) e a indústria de material do transporte (menos 425 postos). A indústria de transformação também mostra menos fôlego. Foram criados 16.993 postos no mês, o que foi considerado baixo pelos técnicos. Os setores que criaram mais emprego foram a agropecuária (80.350 postos de trabalho), os serviços (46.669) e o comércio (32.123 ocupações).

Luiz Marinho reafirmou o que já tinha prometido na solenidade de transmissão de cargo: obter, daqui até o fim do mandato do presidente Lula, uma média mensal de 100 mil novos empregos formais. "É nossa meta-desafio", garantiu. Ele acredita ser possível alcançar os 10 milhões de empregos prometidos por Lula em campanha, metade deles no setor informal.