Título: Patrões e empregados concordam: é insensatez
Autor: Renée Pereira e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

A decisão de manter a taxa básica de juros em 19,75% ao ano foi criticada por representantes da indústria e pelos trabalhadores. Para o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a decisão mostra que o Copom prefere não enxergar os sinais da economia nem o desânimo dos empresários. Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia da entidade, argumenta deflação ganha terreno a cada mês e as últimas sondagens feitas, tanto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) como pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), revelaram claramente o desânimo do empresariado.

"Essa novela da taxa de juros nas nuvens é uma reprise da pior qualidade", diz Tabacof. "Com os sinais de deflação e desaquecimento da economia, a taxa já deveria ter sido reduzida em pelo menos 1 ponto porcentual, para que pudéssemos salvar o segundo semestre."

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, diz que o Brasil precisa deixar de ser o campeão mundial dos juros altos para criar clima favorável para os investimentos produtivos.

"Cada vez mais o Banco Central mostra o quanto é conservador. Manter a taxa no nível atual afugenta novos investimentos e coloca o País numa situação de risco desnecessário, já que todos os índices de inflação apresentam significativas quedas", disso Skaf.

O presidente interino da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Gomes, a decisão foi insensata, diante da grave crise política que o País enfrenta. Já o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, a considera nefasta. "Mais uma vez o governo frustra as expectativas."