Título: Custo de financiamentos não deverá aumentar
Autor: Renée Pereira e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

A manutenção dos juros em níveis elevados mais uma vez causou protestos entre os representantes do comércio, mas não deve alterar o custo dos financiamentos para o consumidor. Um efeito adicional é o agravamento da inadimplência, que aumentou nos últimos meses, e poderá ganhar fôlego com a Selic mantida em patamar elevado por um longo período. Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, o governo perdeu a oportunidade de reduzir a Selic porque os indicadores mostram desaceleração da inflação.

"A dose de juros se provou excessiva, já que os efeitos deflacionários vistos nas últimas semanas refletem a política monetária exageradamente conservadora", afirma o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman. A entidade defende que há espaço para queda de pelo menos 0,5 ponto porcentual no mês que vem.

José Arthur Assunção, vice-presidente da Acrefi, representante das financeiras, diz que a decisão do Copom não altera os juros ao consumidor. Mas ele alerta que a preocupação maior é com o aumento da inadimplência. Nas suas contas, o índice de atraso do crediário está hoje 10% acima do registrado no mesmo período em 2004.

A diretora financeira do Ponto Frio, Eliane Lustosa, diz que a rede vai manter os juros ao consumidor por causa da concorrência acirrada. "Vamos absorver o custo elevado e o aumento da inadimplência na nossa rentabilidade." A Loja Cem, com juros inalterados desde outubro, também manterá suas taxas de até 4,2% ao mês. "A inadimplência está muito elevada", diz o superintendente Valdemir Colleone.