Título: Inflação deve continuar baixa
Autor: Francisco Carlos de Assis e Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

A inflação ao consumidor deverá continuar sob controle neste mês e no próximo, por conta da deflação dos preços no atacado, que deve ter impacto no varejo nas próximas semanas, e pelo menor reajuste das tarifas, que no caso da energia elétrica em São Paulo terá até redução. Dois indicadores de inflação divulgados ontem refletem esse movimento dos preços. Um deles, o termômetro dos preços no varejo, o Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), teve variação zero na segunda quadrissemana deste mês.

O outro, que mede predominantemente o comportamento dos preços no atacado, o Índice Geral de Preços- Mercado (IGP-M) de julho, da Fundação Getúlio Vargas, registrou deflação de 0,25% ( 0,38% em junho).

O IPC-Fipe encerrou a segunda quadrissemana do mês com variação zero. A perspectiva para o encerramento de julho é também de uma inflação em torno de zero, segundo o coordenador do índice, Paulo Picchetti.

Ele argumenta que ainda é arriscado cravar uma estimativa por causa da volatilidade do grupo Alimentação, um dos mais representativos na composição do índice cheio.

Na sua análise, este grupo de produtos, que estava por trás da deflação do último mês, deve continuar, ainda que numa intensidade menor, apresentando variações negativas por aproximadamente mais 2 ou 3 semanas.

"Olhando para o IPR (Índice de Preços Recebidos pelo Produtor Rural) e para as pontas, há ainda muito espaço para os alimentos continuarem apresentando variações negativas", diz Picchetti.

COMPENSAÇÃO

Também a queda no custo da energia elétrica para o consumidor da cidade de São Paulo deverá mais do que compensar o reajuste contratual para a telefonia fixa, segundo o coordenador do IPC-Fipe.

Para ele, a redução esperada de 2% na conta de energia do consumidor paulistano vai acabar se confirmando num patamar maior, de 3,23%.

Cálculos feitos por Picchetti mostram que se for confirmada a diminuição de 3,23% na tarifa elétrica do consumidor, o impacto na composição do índice será de -- 0,15 ponto porcentual. "Isso mais do que compensa o impacto de 0,12 ponto porcentual que o reajuste de 5,2% da telefonia fixa exercerá sobre o índice", afirma Picchetti.

Para o ano, a previsão do IPC-Fipe está mantida entre 5% e 5,5%.

No IGP-M, a deflação perdeu força na segunda prévia de julho, ao recuar 0,25%, ante taxa negativa de 0,38% em igual período no mês passado. A queda menos intensa dos preços do atacado foi influenciada por altas de preços nos alimentos e nos combustíveis.

O Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do total do IGP-M, teve redução de 0,48% - queda menos intensa do que a registrada em junho (-0,90%).

Houve influência forte do início de entressafra nos preços de alguns produtos agrícolas.