Título: Telefônica vai brigar por assinatura
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2005, Economia & Negócios, p. B12

A Telefônica, operadora de telefonia fixa do Estado de São Paulo, vai defender com unhas e dentes a cobrança da assinatura básica dos aparelhos telefônicos residenciais e comerciais que o recém-empossado ministro das Comunicações, Hélio Costa, gostaria de ver abolida. "Se as assinaturas básicas forem abolidas, entraríamos para o clube dos dois países que seguem esse modelo, a Guatemala e o Irã. E eu não os considero nenhum sinônimo de excelência em serviços", diz o presidente e diretor-geral da Telefônica, Manoel Amorim. O executivo da empresa que registrou faturamento de R$ 4,7 bilhões no primeiro trimestre do ano, diz que a receita da Telefônica é decorrente de quatro itens fundamentais: tráfego, assinatura básica, serviços e interconexão (ligações de longa distância entre as redes de operadoras - a Telefônica recebe, por exemplo, quando um assinante da Telemar liga para São Paulo e vice-versa).

"Na nossa área de concessão (Estado de São Paulo) entre 50% e 60% das linhas instaladas não são rentáveis, exigem custo de manutenção e o tráfego é baixo. O que só é possível devido ao pagamento da assinatura básica. O mesmo ocorre com orelhões, cuja taxa de depredação é de 30% ao ano. Ou, para falar de agora, basta um time ser campeão e os torcedores ocuparem a Avenida Paulista que, no dia seguinte, todos os orelhões estão depredados. E temos de trocar para oferecer o serviço."

No outro plano, o da concorrência, tanto com operadoras celulares como as fixas, que a partir de 2008 poderão disputar clientes em outras áreas de concessão, Amorim diz que a estratégia é oferecer serviços diferenciados. "Estamos preparando, para outubro, um pacote de minutos, como fazem hoje as empresas de celulares, que são nossas fortes concorrentes." Além disso, a Telefônica, diz Amorim, responderá com fôlego e rapidez às ações de descontos nas ligações de longa distância oferecidas pelas demais empresas, a exemplo de Embratel e Intelig. "Temos as melhores tarifas para quem liga de qualquer cidade do Estado de São Paulo para o próprio Estado e temos de competir em ligações interestaduais".

VELOCIDADE

A Telefônica também está reforçando a venda do seu serviço de banda larga, aproveitando a marca histórica de 1 milhão de clientes no Speedy. "É um serviço que está intimamente ligado ao lazer e ao trabalho, pois oferece grande velocidade ao usuário e permite a ele baixar músicas e jogos, realizar trabalhos escolares e fazer pesquisas e transações financeiras em bem menos tempo."

No momento, a Telefônica está investindo R$ 17 milhões - valor que deve chegar a R$ 50 milhões até o fim do ano - em campanhas publicitárias para mostrar do que o Speedy é capaz. "São situações de uso, além de uma premiação a assinantes novos e antigos, de 10 mil prêmios relacionados ao uso da banda larga." A empresa também aproveita a temporada de inverno para, neste fim de semana e no próximo, invadir a cidade serrana de Campos do Jordão para o Speedy Experience, em que levará até neve para crianças e promoverá shows.

O que move a Telefônica a investir pesado no Speedy é o ritmo de crescimento anual na contratação do serviço, de 50%, superior às vendas de celulares. Em 2001, por exemplo, a operadora tinha 198,2 mil assinantes, que chegaram a 332,8 mil em 2002, a 484,3 mil em 2003 e a 826 mil em 2004. Apenas de 2003 para 2004, o salto foi de 70,5%. Neste mês, a empresa chegou à marca de 1 milhão de assinantes.