Título: SMPB emite cheques de até R$ 2 milhões, mas Rural não comunica saques ao Coaf
Autor: Vannildo Mendes e Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2005, Nacional, p. A6

Os dados bancários enviados à CPI dos Correios revelam uma nova modalidade de operação suspeita praticada por uma empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza. Da conta mantida no Banco Rural de Brasília, a agência de publicidade SMPB emitiu pelo menos três cheques de altíssimo valor. O detalhe é que os cheques não eram nominais e foram sacados na boca do caixa, o que impede a identificação dos beneficiários. E o pior é que o Rural não informou os saques ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), contrariando uma determinação estabelecida em lei.

O primeiro cheque suspeito, no valor de R$ 2 milhões, foi emitido em 20 de fevereiro de 2003. Os outros dois, de R$ 500 mil cada um, foram expedidos num único dia, 5 de maio de 2005. O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) registra que a descoberta da CPI reforça as suspeitas contra o Rural: "Fica cada vez mais comprovado que o banco está envolvido no esquema."

Pela Lei da Lavagem de Dinheiro, desde julho de 2003 todos as instituições financeiras são obrigadas a informar ao Coaf qualquer saque superior a R$ 100 mil feito das contas de seus clientes. Até agora, a CPI só tinha a comprovação dos saques feitos na boca do caixa da agência do Rural de Brasília a partir de autorização expressa dada pela SMPB.