Título: Delúbio diz que fez empréstimos para pagar dívidas não declaradas de candidatos do PT e aliados
Autor: Eugênia Lopes e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2005, Nacional, p. A8

EMPRÉSTIMOS: "Todos os empréstimos registrados em nome do PT são minha responsabilidade e do PT. Os empréstimos separados, não declarados, são minha exclusiva responsabilidade."

DÍVIDAS: "Em 2003 fui procurado por vários companheiros candidatos que deixaram dívidas não contabilizadas. Os credores queriam receber. Os diretórios pressionavam. Havia R$ 20 milhões em dívidas do PT e partidos aliados."

CAMPANHA: "Não quisemos fazer campanha de arrecadação de recursos com filiados e com pessoas jurídicas. Decidimos não fazer porque poderia sinalizar um compromisso com cargos no governo, no caso dos filiados. E, se empresas privadas fizessem contribuições, poderia parecer que queriam vantagem futura. Para não dar esta interpretação, recorremos a empréstimos de terceiros."

CAIXA 2: "Como as dívidas não estavam contabilizadas, tivemos de recorrer a terceiros para quitá-las. Revelo à Nação, sei das implicações para o meu partido, mas é melhor trabalhar com fatos. Tenho responsabilidade na escolha das empresas que fizeram empréstimos. Temos de ter paciência para ver o destino dos R$ 39 milhões. Valério providenciava o pagamento sob minha orientação. Ninguém enriqueceu com isso."

MARCOS VALÉRIO: "Foi um contrato de confiança. Valério concordou em pedir empréstimos ao Rural e ao BMG. Não tem segredo para ninguém. Eram informações não-oficiais, não discutimos na executiva do PT. Resolvi dessa maneira, posso ter errado, não tenho problema em reconhecer isso. Vou responder aos processos."

OUTROS PARTIDOS: "Nunca perguntei ao Valério quem ele apoiou no passado. Sei que ele tinha grande experiência em arrecadar para outros partidos. Em 1998, deu ajuda a outros partidos. O que ele fez de 1998 a 2002 não sei."

PATRIMÔNIO PESSOAL: "É até vergonhoso meu patrimônio, pelas minhas atividades. Trabalho desde os 14 anos e tudo o que construí foi um patrimônio de R$ 163 mil e um carro de R$ 71 mil. A renda, minha e de minha mulher por mês, é entre R$ 12 mil e R$ 13 mil."

PTB: "A relação com o PTB sempre foi sadia, correta. A informação do deputado Roberto Jefferson (sobre a doação de R$ 4 milhões em dinheiro vivo) não é verdadeira. No momento correto vamos trabalhar esta informação."

MENSALÃO: "Não tem pagamento de mesada a parlamentares. O PT não orienta a compra de votos. Não há mensalão, não há pagamento a deputados."

JEFFERSON: "Foi o único nome que confirmei ao procurador-geral (de alguém que recebeu dinheiro). Mas os numerários que Jefferson deu não são esses. A forma de pagamento também não. Nem o volume de dinheiro nem a forma são como ele falou."

NOMES: "As investigações vão esclarecer. Não cito um nome, posso esquecer outro. Para não ser injusto com os candidatos e fornecedores prefiro não falar nomes."

PT: "Vou falar à executiva do PT, todos vão saber quem recebeu os R$ 39 milhões. Vou fazer tudo com transparência. Se o PT achar que estou mentindo, vai me expulsar. É um partido rígido."

DINHEIRO PÚBLICO: "Não existe dinheiro público nos empréstimos. Existe dinheiro de bancos privados. Cada brasileiro tem direito de pensar como achar correto."

RURAL: "Conheço várias pessoas do Banco Rural, mas não no sentido de dar vantagens."

GOVERNO: "Não tive nenhuma influência na indicação de nenhum membro do governo, embora vários sejam meus amigos."

OPPORTUNITY: "Há uma disputa secular entre o (Grupo) Opportunity e a Previ. O Opportunity acha que o PT não gosta dele. Eu disse que o PT não gosta nem desgosta de empresa nenhuma."

LULA E DIRCEU: "Nunca tratei de finanças com o presidente Lula nem com o ministro José Dirceu."

VERSÃO: "Não combinei com Valério detalhes do depoimento. Segunda-feira estive com ele para tranqüilizá-lo e dizer que ia procurar honrar a dívida. Foi isso que fui fazer lá. Peguei avião de carreira e fui lá, na maior transparência."

OPOSIÇÃO: "Acho que o governo está recebendo ataque violento para desestabilizá-lo. Há um movimento para desgastar o governo, as pessoas da oposição são claras. 'Estamos aqui para desgastar o governo', dizem."

HABEAS-CORPUS: "É uma estratégia dos meus advogados. É a legislação. A CPI tem direito de me convocar, eu tenho direito de ir ao Supremo (Tribunal Federal)."

CPI: "Estou vindo com a maior humildade. Estamos assumindo. Se os partidos acham que o assunto é só do PT, as investigações ao longo da vida vão mostrar."

COINCIDÊNCIA: "Os depoimentos (dele, de Delúbio e de Valério na Procuradoria-Geral da República) coincidem porque a verdade é uma. Não tenho culpa de o depoimento de Valério ser coincidente."