Título: Para ´Newsweek´, o que salva é Palocci
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2005, Economia & Negócios, p. B1,3

WASHINGTON - Em meio à turbulência política, amplamente noticiada na mídia brasileira e internacional, parece consenso a confiança dos investidores na capacidade do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de manter o barco da economia flutuando com estabilidade. Uma longa reportagem sobre o chefe da equipe econômica, publicada na semana passada na edição internacional da revista Newsweeek, descreve um Palocci fortalecido com a crise, qualificando-o de 'o ministro indispensável' para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e fazendo votos para que surjam novos Paloccis. O economista brasileiro Paulo Vieira da Cunha, do HSBC em Nova York, partilha da avaliação positiva que outros analistas fazem sobre as condições macroeconômicas favoráveis e não se mostra preocupado com a possibilidade de a crise criar uma situação de desequilíbrio. 'Mas ela já começou a ter impacto negativo na economia real', alertou ele. 'A expectativa de novos investimentos entre os empresários , medida pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), já está tão baixa quanto foi em 2002', disse. Vieira da Cunha chamou a atenção também para o fato de que o adiamento das reformas 'aumentará imensamente a demanda por elas, principalmente nas áreas fiscal e da Previdência, no primeiro semestre do mandato do sucessor de Lula.' O economista parte, obviamente, da premissa de que Lula não conseguirá se reeleger. Nesse ponto, ele diverge da avaliação do diretor-gerente para mercados emergentes da Pimco, maior administradora de fundos dos EUA, Mohamed ElErian, para quem 'os mercados presumem que as chances de reeleição de Lula não se alteraram substantivamente'. Vieira da Cunha está convencido de que Lula sofrerá uma forte perda de popularidade até as eleições presidenciais do ano que vem, mas aposta que a debacle do líder do PT não diminuirá as chances de o País aprender e melhorar com a crise. 'Ao contrário, as condições estruturais estão dadas para atravessarmos essa crise e sair dela com nova liderança, capaz e politicamente em condições de levar adiante as reformas que todos sabemos que precisam ser feitas.' ?