Título: Alencar pressiona por aumento para militares
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2005, Nacional, p. A13

BRASÍLIA - O ministro da Defesa e vice-presidente, José Alencar, em razão do novo adiamento da reunião que definiria o índice de reajuste a ser concedido aos militares, distribuiu nota oficial dirigida às tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica explicando que o encontro decisivo será esta semana. A nota de Alencar ressalva, no entanto, que o encontro entre ele e a equipe econômica será precedido de uma conversa preliminar com o presidente Lula, marcada para amanhã. Com isso, o vice-presidente tenta transmitir à tropa um recado de que a questão do reajuste salarial da categoria não está sendo "empurrado com a barriga", como deseja a equipe econômica.

A nota, apesar de ser apenas explicativa, tornou-se necessária graças à grande pressão que os militares estão fazendo sobre as cadeias de comando, por melhoria salarial. A inquietação é muito grande nos quartéis e há preocupação real com alguma ação destemperada, até por gente da ativa, além de intensas movimentações entre o pessoal da reserva. A maior preocupação é que, se houver algum ato de indisciplina na ativa, os comandantes, em todos os níveis, terão de punir o militar, para garantir o regulamento disciplinar das forças. O problema é que, se esse ato extremo for necessário, as conseqüências são imprevisíveis.

José Alencar já foi alertado para a quantidade de e-mails e de informações que estão chegando às cadeias de comando, falando em agitação nos quartéis, a ser desencadeada pelo pessoal da reserva. A primeira está prevista para dia 25 de agosto, Dia do Soldado, e a segunda, para 7 de Setembro. O temor é de que o pessoal da ativa se junte a eles.

A última reunião para tratar do tema entre as áreas econômica e militar foi na terça-feira à noite e terminou em impasse. Os comandantes militares insistem nos 23% que lhes foram prometidos até março, concordando que sejam pagos em duas parcelas de 13% em julho, e 10% , em janeiro. A área econômica apresentou uma proposta considerada "inaceitável" de 3% em setembro e 5% no ano que vem, sem data marcada. "Com que cara vou dizer para um sargento, que está em dificuldades, que ele vai receber 3%, que representa R$ 20 no seu salário?", comentou um oficial.