Título: Patrimônio declarado de ex-assessor é de R$ 2 mi
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2005, Nacional, p. A12

A ascensão profissional do advogado Rogério Tadeu Buratti é um bom exemplo de como o público e o privado podem andar juntos neste País. De ex-assessor parlamentar de três figurões do PT (José Dirceu, João Paulo Cunha e Antonio Palocci) na Assembléia Legislativa, Buratti deixou Osasco, em 1992, para ir a Ribeirão Preto ser um dos coordenadores da campanha de Palocci a prefeito. Eleito, Palocci deu a Buratti a Secretaria de Governo da prefeitura, em 1993, cargo que deixaria em 1994, após lastimável episódio em que foi descoberto em negociações ilegais dentro de seu gabinete, vítima de seu próprio veneno. A gravação da conversa foi feita por ele mesmo e depois foi furtada por um membro do partido que a tornou pública.

Nesse período ele estrutura uma empresa particular especializada em concursos públicos, a Assessorarte, que passa a ganhar boa parte dos contratos de prefeituras petistas da região.

Buratti vai para Matão, onde ajuda a eleger, em 1997, com apoio do grupo ligado a Palocci, o prefeito Adauto Scardoeli (PT). Eleito, ele leva Buratti para ser seu assessor especial na prefeitura.

A Leão ganha pelo menos três contratos na prefeitura, todos questionados na Justiça - um já com condenação. Sua empresa Assessorarte também seria contratada.

Em 1998, Buratti deixa o cargo em Matão, mas colocou na prefeitura seu amigo Ralf Barquete Santos, que tinha ligações com o grupo Leão Leão. Pouco tempo depois Buratti assume um alto cargo dentro do grupo.

É nesse período que Buratti deixa de contratar empresas para o serviço público e passa a ganhar contratos pagos com o dinheiro público. Em 2000, já sob sua direção, a Leão vira a maior doadora de campanha de Palocci, que disputava de novo a prefeitura de Ribeirão.

Eleito prefeito, Palocci nomeia um primo de Ralf e também ex-diretor da Leão Leão, Wilney Barquete, presidente da Cohab.

O período é de crescimento para a Leão. A empresa ganha contratos em Ribeirão, Araraquara, Matão, Sertãozinho, Jaboticabal. O patrimônio de Buratti, já apurado pelas investigações, passa dos R$ 2 milhões, mas os promotores acreditam que há muito mais coisas não registradas em seu nome.