Título: Cheque de R$ 9,7 milhões desperta suspeitas na CPI
Autor: Sérgio Gobetti e Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2005, Nacional, p. A4

Um cheque do Banco do Brasil no valor de R$ 9.700.000, emitido pela DNA Propaganda, sem identificação do destinatário, deixou os deputados da CPI dos Correios desconfiados e gerou ontem um princípio de crise com a direção do banco estatal. "Estranhamos que o BB não diga quem sacou, nem tenha comunicado esses valores ao Coaf", dizia o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), referindo-se ao Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf), que deve ser informado de todos os saques em dinheiro acima de R$ 100 mil. O cheque fazia parte de um lote de 120 quilos de papel, com 20.000 diferentes informações sobre a movimentação financeira das agências de publicidade e empresas de Marcos Valério. Pelas estimativas iniciais, só a DNA pagou mais de R$ 50 milhões entre 2003 e 2004.

A falta de identificação dos destinatários do dinheiro e de comunicação ao Coaf gerou a suspeita de que a direção do banco estivesse omitindo informações. No caso de Mentor, seu nome só apareceu porque se tratava de um cheque nominal à sua empresa. Na maioria dos casos, os cheques pagos pelo Banco do Brasil só mencionam a conta corrente que recebeu o dinheiro.

Um técnico do banco foi convocado às pressas pela CPI para prestar explicações. Ele esclareceu que a maior parte dos cheques apresentados à comissão não foi sacada em dinheiro, mas transferida para outras contas e que, por isso, não havia sido informada ao Coaf nem era acompanhada das carteiras de identidade dos beneficiários. O banco se comprometeu a enviar todas as informações complementares requeridas pela CPI, como a identificação dos titulares das contas que receberam as transferências superiores a R$ 30 mil.