Título: Comissão liga Waldomiro ao jogo no Espírito Santo
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2005, Nacional, p. A7

A CPI dos Bingos recebeu ontem a denúncia de que Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, manteve - antes de chegar ao Planalto - estreitas ligações com a cúpula do jogo no Espírito Santo. Entre os contatos de Waldomiro figurava o ex-deputado estadual José Carlos Gratz, apontado como chefe do crime organizado local. Ao falar do episódio na comissão, o procurador da República Ronaldo Meira de Vasconcellos referiu-se a Waldomiro como "a mão invisível que estimulava a jogatina no País". De acordo com Vasconcellos, esse estímulo era feito com base nas brechas da portaria que entrou em vigor em dezembro de 2001, quando Waldomiro presidia a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), que permitia a exploração de jogos eletrônicos no Estado. O texto acabou sendo copiado, quase na íntegra, em vários outros Estados.

"Eu diria que, em 90%, o texto era o mesmo, inclusive na repetição de erros de acentuação e pontuação", contou. "Era um convite estimulando a prática da jogatina." O procurador disse que, no mesmo ano, recebeu "informes" de policiais militares e civis sobre três encontros que Waldomiro teria mantido com Gratz, que hoje está preso, e com o staff do jogo no Estado. "Ele (Waldomiro) estava orientando os deputados no preparo da legislação", acrescentou. Na ocasião,Gratz era o presidente da Assembléia capixaba e vários deputados estavam ligados ao crime organizado.

Para o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), a investigação deve ser ampliada além da cobrança de propina de Carlos Cachoeira e do contrato com a Gtech, temas que justificaram a convocação do ex-assessor do Planalto.