Título: Sumiço de documentos preocupa a CPI
Autor: Eugênia LopesLuciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2005, Nacional, p. A10

Quatro auditores do Tribunal de Contas da União, um assessor do Senado e um delegado da Polícia Federal, auxiliados por técnicos e assessores da CPI, trabalham desde ontem para impor organização e método nos milhares de documentos recebidos pela CPI. O relatório dessa equipe, que será entregue terça-feira ao relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), vai nortear os trabalhos da CPI daqui em diante. O sumiço de documentos, cópias de cheques e extratos bancários tem sido uma constante na CPI. Na semana passada, o registro do Banco Rural sobre um saque de R$ 50 mil, feito por Márcia Regina Milanésio Cunha, mulher do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), desapareceu do cofre da CPI.

Os delegados da PF que visitaram a CPI na semana passada descobriram casos de arquivos eletrônicos em branco e detectaram a ausência de documentos que tinham sido apreendidos nas empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) quer concentrar as investigações no rastro do dinheiro depositado nas contas das empresas de Valério para que a papelada comece a fazer lógica. Já se sabe que as contas dessas empresas no Banco do Brasil serviam para pagar fornecedores das agências, mas não se comprovou se os serviços foram efetivamente prestados. O dinheiro que sobrava desses pagamentos era transferido para as contas das empresas no Banco Rural e no Banco de Brasília (BRB). Só nesta última, como revelou o Estado, Valério movimentou cerca de R$ 100 milhões nos últimos dois anos.

Esta semana a CPI deverá receber os papéis apreendidos no Banco Rural, em Belo Horizonte, e que estão na Procuradoria-Geral da República. Fontes do banco e do Ministério Público Federal garantem que a lista de parlamentares que receberam dinheiro de Valério está no meio da documentação.