Título: Pan-2007 vai a R$ 3 bilhões
Autor: Michel Castellar
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2005, Esporte, p. E6

Valor já é quatro vezes maior que a previsão inicial, de R$ 720 milhões, e pode aumentar ainda mais

RIO - Para ganhar o direito de ser sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007, o Rio elaborou um orçamento enxuto e assegurou que com apenas US$ 300 milhões (R$ 720 milhões) realizaria a competição. A 747 dias da abertura dos Jogos, porém, a realidade é outra e já é possível afirmar que o evento ultrapassará a cifra de US$ 1,25 bilhão (R$ 3 bilhões). Valor impressionante, principalmente se comparado ao apresentado pela cidade carioca durante o processo de seleção para a Olimpíada de 2012: US$ 1,6 bilhão (R$ 3,84 bilhões). Todos os principais envolvidos na organização do Pan-Americano, como o presidente do Comitê Organizador (CO-RIO), Carlos Arthur Nuzman, e o secretário-geral, Carlos Roberto Osório, foram unânimes ao afirmar que dinheiro não será problema. Citam o fato de todos os níveis de governo - municipal, estadual e federal - estarem em "sintonia, cientes e de acordo" no que se refere às respectivas obrigações financeiras.

E para que os Jogos de 2007 sejam realizados com a grandeza olímpica pretendida por seus organizadores é recomendável que a sintonia entre os três níveis de governo, apregoada por Nuzman, continue - o Pan-2007 já está em US$ 1,14 bilhão ou R$ 2,74 bilhões (ver arte).

No fim de maio, o CO-RIO apresentou seu orçamento - R$ 691.013.911,00 -, mas nele não estão incluídas as despesas principais: reforma ou construção dos complexos esportivos e vila pan-americana. O comitê organizador, propositadamente, se furtou a computar essas cifras sob a alegação de que pertencem aos três níveis de governo. No orçamento estão até previstas despesas com a vila e instalações, R$ 184,5 milhões, mas se referem apenas à montagem dos locais (compra de camas, armários, linhas telefônicas). Os gastos com tecnologia ocupam a vice-liderança nos custos do comitê organizador, com R$ 145,7 milhões.

Se o CO-RIO optou por não se envolver em números dos parceiros públicos, o Estado foi atrás de cada um deles. À frente dos investimentos está a prefeitura, responsável, entre outros itens, pela construção do Estádio Olímpico João Havelange (R$ 237 milhões), a modernização do Riocentro (R$ 100 milhões), obras de infra-estrutura e urbanização das redondezas da vila pan-americana (R$ 158 milhões), infra-estrutura do estádio olímpico (R$ 70 milhões) e a duplicação da Auto-Estrada Lagoa-Barra (R$ 130 milhões).

Até por uma questão política, o governo estadual também investe maciçamente nos Jogos. O Complexo do Maracanã consumirá R$ 89 milhões. O programa de saneamento da Barra da Tijuca/Jacarepaguá, principal ponto de concentração do Pan-2007, foi orçado em R$ 394,4 milhões. O governo federal, por exemplo, investiu R$ 5 milhões na reforma do Laboratório de Exames de Doping da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ladetec-UFRJ) e outros R$ 5 milhões na importação de equipamentos.

De parcerias públicas com a iniciativa privada sairão os recursos para a vila pan-americana (R$ 245 milhões), o Complexo do Autódromo de Jacarepaguá (R$ 450 milhões) e a reforma da Marina da Glória (R$ 60 milhões).

OS "VILÕES"

A lista de obras inclui itens que ainda não foram orçados e são eles que levarão os custos a superarem a barreira dos R$ 3 bilhões - não será surpresa se chegarem a R$ 3,5 bilhões. E o item Segurança dos Jogos, a cargo do governo Federal, seria o principal responsável pelo aumento dos valores. Em termos comparativos, no orçamento das cidades candidatas à sede da Olimpíada de 2012, os gastos com o setor estão estimados entre US$ 37 milhões (R$ 88,8 milhões) e US$ 101 milhões (R$ 242,4 milhões).

Ainda na esfera federal, haverá despesas com a construção dos Centros de Hipismo e de Hóquei na Grama, ambos na Vila Militar. O tratamento urbanístico das redondezas do Complexo do Autódromo de Jacarepaguá compete à prefeitura. A construção de um Batalhão da Polícia Militar na Barra da Tijuca, ao governo estadual. As cerimônias de abertura e encerramento do Pan, a corrida de revezamento da tocha e a inclusão de modalidades esportivas ao programa dos Jogos são outros itens que ainda não têm custo definido.