Título: Ressentido, Olívio diz que PT tem más companhias
Autor: Tânia Monteiro e Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2005, Nacional, p. A13

Apesar de dizer que aceitava com tranqüilidade a decisão do presidente Lula de afastá-lo Ministério das Cidades, Olívio Dutra era puro ressentimento ontem. Depois de ceder o lugar para Márcio Fortes, indicado pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse que na política às vezes não se escolhem companhias. E hoje as más companhias existem tanto dentro como fora do PT. "Infelizmente, o PT, pelo seu crescimento e pela forma indiscriminada de filiação, acabou tendo más companhias em seu interior", avaliou. "Não fomos capazes de trabalhar na educação de quem fosse chegando para que seguissem o compromisso com a natureza do partido."

Olívio afirmou que vai trabalhar para que Delúbio Soares e parlamentares que receberam dinheiro no esquema do mensalão sejam julgados na Comissão de Ética do PT. "O partido está agredido, foi desrespeitado em sua base", avaliou. "O PT tem problemas seriíssimos que acabam respingando no governo."

Sobre a referência de Lula à sua eventual candidatura ao governo gaúcho, mandou recado: "Ninguém tem autoridade para impor candidaturas. Nenhum partido sério aceita que se construam candidaturas por cima de instâncias." Disse que Lula lhe ofereceu a direção da Infraero, mas não aceitou. "Não quero cargos. Posso ajudar o governo sem cargo. Aliás, tem muita gente que ajuda o governo sem buscar projeção."

Na cerimônia, Severino era só sorrisos. Questionado se estava satisfeito com a posse de Márcio Fortes, ele afirmou: "Evidente, fui eu que indiquei". Ele disse que com a "influência e amizade" que tem entre os parlamentares vai trabalhar para que o governo melhore seu relacionamento na Câmara.