Título: Menos brasileiros buscam vagas
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2005, Economia & Negócios, p. B4

A taxa de desemprego apurada pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do País caiu para 9,4% em junho, a menor na nova série histórica da pesquisa de emprego, iniciada em março de 2002. Em maio, a taxa havia sido de 10,2% e, em junho de 2004, de 11,7%. A boa notícia foi ofuscada pelo motivo: a queda ocorreu porque mais pessoas deixaram de procurar empregos e não em conseqüência da criação de vagas. "A queda da taxa teria sido excelente, senão viesse acompanhada do aumento da inatividade", disse o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo Pereira.

Em junho houve migração dos que estavam sem emprego e procuravam uma vaga (desocupados) para o grupo dos não economicamente ativos (sem trabalho e sem procurar vaga).

Pereira disse que o aumento da inatividade pode ter ocorrido por causa da crise política ou por causa da recente recuperação do rendimento - que pode levar pessoas que ajudam no orçamento familiar a não ter mais necessidade de trabalho - e a proximidade das férias, que levaria as pessoas a dar uma pausa na procura por uma vaga.

Essa avaliação da menor necessidade de ajudar a família coincide com a do analista do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Marcelo de Ávila. Ele descarta a influência da crise política.

A população não economicamente ativa cresceu 1,4% em junho ante maio, com aumento de 228 mil pessoas de um mês para o outro. O grupo inclui estudantes e aposentados. Como a população desocupada caiu em 192 mil pessoas no período e o número de ocupados aumentou em apenas 11 mil pessoas, a conclusão de Pereira é que muitos foram da desocupação para a inatividade.

"O quadro ainda é positivo, mas não tanto quanto sugere a queda da taxa", avalia Guilherme Maia, analista da Tendências. Segundo ele, essa queda na desocupação mostra que o mercado de trabalho pode não estar apresentando oportunidades atrativas, desestimulando a busca por emprego.

O número de empregados com carteira caiu 0,3% (variação considerada como estabilidade pelo IBGE) de maio para junho, mas cresceu 6,6% ante junho de 2004. O número dos sem carteira ficou estável nas duas bases de comparação. Ou seja, o movimento de aumento da formalidade registrado nos últimos meses prosseguiu.

No caso do rendimento médio real dos trabalhadores, o crescimento de 1,5% em junho ante maio é resultado do aumento do salário mínimo e da queda da inflação no período, segundo explicou Pereira. A renda real é deflacionada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) médio acumulado em 12 meses das seis regiões metropolitanas. Em maio, o INPC delas foi de 0,87%, acumulando em 12 meses de 7,6%. Em junho as variações foram, respectivamente, de -0,11% e 6,9%.