Título: Exportar é a melhor saída
Autor: Vera Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

O mercado externo é o grande alvo dos produtores de orgânicos. Do total de US$ 200 milhões movimentados pelo setor no ano passado, U$ 140 milhões foram destinados à exportação, segundo levantamento da Associação Brasileira de Produtores e Processadores de Produtos Orgânicos (BrasilBio). A Europa, principalmente a Alemanha, seguida pelos Estados Unidos e Japão são os maiores compradores do mundo. Na lista de exportados estão café, cacau, açúcar, suco de laranja, frutas secas e tropicais, cereais e produtos de pecuária. "De tudo que é consumido de verduras, frutas e legumes na Alemanha, cerca de 40% são orgânicos", diz Sandra Caires, que responde pelas compras do setor do Grupo Pão de Açúcar.

No Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, existem cerca de 19 mil produtores e o número de certificações, expedidas por empresas que fiscalizam quem comercializa orgânicos, vem crescendo. De acordo com o Instituto Biodinâmico (IBD), maior certificador do País, o número de projetos certificados saltou de 94 em 2000 para 404 este ano.

A Native, certificada desde 1997 para vender açúcar orgânico, exporta 22 mil toneladas da sua produção de 25 mil toneladas. A marca é do Grupo Balbo, que tem as Usinas de São Francisco e Santo Antonio e produz 200 mil toneladas de açúcar por ano, sendo só 3 mil de orgânico para o mercado interno.

Além do açúcar, a Native já vende café, sucos e achocolatados. "O mercado cresce e também o número de oportunistas.Eles imaginam que vão obter grandes lucros porque os produtos têm preço mais alto", diz o diretor da empresa, Leontino Balbo Junior. Mas, observa, há vários obstáculos para os produtores: dos conhecidos problemas para obtenção de empréstimos às dificuldades de competir com o produto convencional.

Há três anos no mercado, a Ecoville, que industrializa café, ainda não conseguiu entrar no azul. O proprietário da marca, Fernando Marx, comenta que a concorrência para os menores é feroz, principalmente com as empresas de marcas tradicionais que decidem investir nos orgânicos. Ele também se queixa das redes que determinam preços. Para evitar maiores riscos ele tem procurado vender seus produtos para os supermercados médios no interior.