Título: Contra barreiras, ' paz e amor'
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2005, Economia & Negócios, p. B4

Pequim - Para reagir à onda mundial de protecionismo, a estratégia do governo chinês é passar ao mundo a imagem de "China paz e amor". Os burocratas do Partido Comunista Chinês (PCC) incluem em seus discursos, de alguma forma, a expressão "a ascensão pacífica da China". Repetindo este mantra, os chineses querem amainar o sentimento anti-China. Em entrevista ao Estado, Wu Jianmin, presidente da Universidade de Relações Exteriores da China e vice-presidente do Comitê Nacional do CPPCC, espécie de Senado chinês, afirmou várias vezes que a China quer colaborar e dividir crescimento. Mas ele afirma que os empresários chineses podem relutar em aplicar seu dinheiro no Brasil se houver salvaguardas. O governo brasileiro pode adotar salvaguardas contra produtos chineses. Como isso afeta a relação entre a China e o Brasil?

As relações entre China e Brasil são muito importantes, são países complementares. Eu entendo que o governo brasileiro precisa proteger sua indústria, mas ele precisa levar em conta o interesse geral do país e não só o de alguns setores.

O governo brasileiro esperava o apoio da China à candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A China vai dar esse apoio?

Não. E o problema não é o Brasil, é o Japão. Imagine se Gerhard Schroeder, o chanceler alemão, fosse todo ano a algum lugar prestar homenagem à honra de Adolf Hitler? É revoltante. Se o primeiro-ministro Koizumi vai ao Templo Yasukuni prestar homenagens a criminosos de guerra, como o mundo pode tolerar isso?

O fato de as exportações chinesas estarem crescendo de forma acelerada é percebido como uma ameaça .

A balança comercial da China é equilibrada. Nós compartilhamos nosso crescimento. Esse é o significado da ascensão pacífica da China.

O governo chinês prometeu investir no Brasil. Até agora, esses investimentos não se materializaram.

O governo chinês está incentivando os empresários chineses a investir no Brasil. Mas, com a adoção de salvaguardas, eles podem ficar relutantes para aplicar dinheiro no Brasil.