Título: Costa Neto, um patrimônio quase triplicado
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2005, Nacional, p. A15

Bens do presidente do PL, segundo dados do TRE, saltaram de R$ 1,1 milhão para R$ 2,9 milhões entre 98 e 2002

O deputado Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, em junho de 2002, um patrimônio no valor de R$ 2.987.100,00, correspondente a nove itens. Eram quatro apartamentos, duas casas, em Mogi das Cruzes e São Paulo, três automóveis e cotas de capital social de uma empresa de mineração. Esse valor é quase três vezes maior do que o apresentado na declaração de bens de 1998, quando o patrimônio era de R$ 1.184.151,70 e correspondia a 28 itens. A lista incluía os mesmos imóveis, quatro carros, cotas da empresa de mineração, linhas telefônicas, saldos bancários, aplicações financeiras, título patrimonial de um clube de campo e um camarote do São Paulo Futebol Clube.

O segredo para o aumento do patrimônio, com muito menos itens, foi a atualização dos valores dos imóveis no período entre as duas últimas eleições. Em três dos seis imóveis ele tem 50% da propriedade, por partilha de herança ou separação conjugal. O apartamento em que Costa Neto mora com a mãe, Emília Caran Costa, no Edifício Portinari, mais conhecido como Gaiola de Ouro, em um bairro nobre de Mogi das Cruzes, passou de R$ 191.570,12 em junho de 1998 para R$ 1.000.000,00, em junho de 2002. No mesmo período, a casa em que reside sua ex-mulher, Nara Pinto Costa, em Vila Oliveira, foi reavaliada de R$ 462.798,31, para R$ 1.100.000,00.

"Não entendo como o Boy tem tantos bens. Nosso pai morreu pobre e não deixou quase nada para os filhos", disse o advogado Frederico Augusto dos Santos Costa, meio-irmão de Valdemar, que ganhou ainda menino o apelido de Boy, pelo qual é conhecido em Mogi das Cruzes, sua terra de adoção. Nascido no Ipiranga, em São Paulo, em 11 de agosto de 1949, ele cresceu e estudou na cidade, onde se formou em administração de empresas em 1976.

Frederico Costa, de 28 anos, teve de brigar na Justiça para que o pai, Waldemar Costa Filho, reconhecesse a paternidade e o incluísse entre seus herdeiros. "Meu pai, que foi prefeito quatro vezes, sempre me ajudou, mas a família não aceitava que ele legalizasse os documentos do filho nascido de uma união fora do casamento."

Ao morrer, em 2001, o ex-prefeito deixou bens avaliados em R$ 69.912,49, dos quais metade (R$ 34.956,24) foi dividida entre três filhos e três netos. Frederico, que é solteiro e vive com a mãe, a manicure Isaura dos Santos, ficou com um Omega 97 e um revólver Smith & Wesson.

Costa Neto foi chefe de gabinete do pai prefeito, coordenador de Obras e Serviços Municipais e, entre outros cargos, diretor da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) de 1985 a 1990. Presidiu a empresa entre 1988 e 1989. Nesse período, construiu uma casa de 962 metros quadrados em Vila Oliveira, conforme a declaração apresentada ao TRE em 1990. Depois de dirigir as Docas, ele tentou controlar a Alfândega do Aeroporto de Cumbica. O chefe de inspeção da Receita Federal, Aramis Pereira de Moraes, por ele indicado, foi demitido em 1995, por envolvimento em propinas. Em entrevista à Rádio Eldorado, o deputado afirmou que "o político que diz que não quer ter espaço na Receita mente. Qualquer um quer ter poder em qualquer lugar. O PMDB nomeou o presidente do Porto de Santos. Por que eu não poderia nomear Cumbica?"