Título: Valério vai depor sobre saque milionário
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2005, Nacional, p. A13

Empresário, que movimentou R$ 20,6 mi em dois anos, promete prestar "esclarecimentos" na Comissão de Sindicância da Câmara

BELO HORIZONTE - O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, sócio das agências de publicidade SMPB e DNA Propaganda e acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser o principal operador do suposto esquema do mensalão, vai depor na quarta-feira na Comissão de Sindicância instalada pela Corregedoria da Câmara dos Deputados. Por meio de nota divulgada ontem, a assessoria do publicitário informou que ele prestará "todos os esclarecimentos" relativos à "movimentação financeira e patrimonial" dele e das empresas das quais participa. Marcos Valério será ouvido em Brasília um dia depois de sua ex-secretária, Fernanda Karina Ramos Somaggio, falar no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Karina acusou o ex-chefe de transportar "malas de dinheiro" para Brasília e manter estreito relacionamento com dirigentes petistas. O depoimento da ex-secretária foi marcado para terça-feira.

As denúncias de Fernanda sobre a movimentação de malas com grandes somas de dinheiro ganharam força com a divulgação de informações do relatório do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) pela revista IstoÉ, na edição que começou a circular ontem. O relatório, preparado com informações dos bancos sobre saques superiores a R$ 100 mil feitos por seus clientes, registra vultosos saques em dinheiro pela DNA e pela SMPB no Banco Rural.

CAIXA

Em dois anos, entre julho de 2003 e maio de 2005, as duas agências, de acordo com IstoÉ, sacaram R$ 20,6 milhões em espécie em suas contas naquele banco. De acordo com uma fonte do banco ouvida pela revista, na média aconteceu um saque por semana com valor acima de R$ 100 mil.

Em entrevista à revista Veja, o publicitário reconheceu que fez movimentações de alto valor no Rural. "Tenho fazendas, compro animais. Lido com gado. Há fazendeiros que não aceitam cheque. Tenho 13 cavalos de raça. Um deles é filho de Baloubet du Rouet", disse Valério, referindo-se ao cavalo do campeão Rodrigo Pessoa, medalha de ouro em hipismo nas Olimpíadas de Atenas.

De acordo com as leis, quando os saques elevados são feitos por pessoas submetidas a alguma investigação, o Coaf repassa as informações recebidas dos bancos para o Ministério Público. Na semana passada, representantes do Ministério Público Federal em São Paulo e do Ministério Público Estadual de Minas já tinham informações sobre os saques feitos pelas agências. O procurador-geral de Justiça de Minas, Jarbas Soares Júnior, disse ao Estado que a documentação, recebida na sexta-feira, será avaliada a partir de amanhã. "Ainda não abri o pacote de documentos", afirmou. Por outro lado, a Coaf confirmou que enviou os relatórios às duas instituições