Título: Resultados definem desempenho dos bancos
Autor: Silvia Fregoni
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2005, Economia & Negócios, p. B4

Papéis oscilam de acordo com a trajetória das instituições

Os resultados apresentados e as perspectivas de ganho no ano ditam o comportamento do setor bancário no mercado de ações. Embora a situação macroeconômica seja positiva para todo o setor, com crédito em expansão e juros ainda altos, os papéis oscilam de acordo com a trajetória de crescimento de cada instituição. Com lucro recorde e acima do esperado no primeiro trimestre, de R$ 1,205 bilhão, o Bradesco é o destaque no mercado até julho. As ações preferenciais (PN) subiram 32% no ano, até o pregão de sexta-feira. O Itaú avançou a penas 14% e o Unibanco, 5%. O Banco do Brasil (BB) teve a pior performance, com queda de 3%.

O economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, disse que o Bradesco está em trajetória de melhora operacional. "Já no final de 2004 percebia-se que estava promovendo um forte e necessário ajuste de custos e elevando as sinergias, dadas as aquisições nos últimos anos de BBV, Mercantil de São Paulo e BEM." Segundo ele, as ações do banco estavam defasadas em relação ao potencial, o que motivou o interesse dos investidores em detrimento de outros papéis do setor. Sobre o Itaú, Salles acredita que a instituição continua com fortes resultados, mas já refletido s nos preços das ações.

"É difícil para o Itaú mudar do excelente patamar de rentabilidade de 30%. Já o Bradesco saiu de um retorno de 20% em 2003 para 25% em 2004, podendo melhorar", explicou.

No caso do Unibanco, houve melhora operacional neste ano, mas o lucro, de R$ 401,3 milhões no primeiro trimestre, é o menor entre os grandes do setor. "O Unibanco elevou a liquidez e entrou no Ibovespa, o que é positivo. Mas, mesmo com a venda da participação na Credicard, teve resultado menor que os concorrentes", disse o analista Pedro Guimarães, do Pactual.

O Banco do Brasil (BB), por sua vez, continua elevando a rentabilidade, mas de forma menos surpreendente que em trimestres anteriores. Além disso, a baixa liquidez é um entrave à valorização das ações, segundo Pedro Guimarães.

Para Salles, da Lopes Filho, o BB também foi prejudicado pela estiagem no Sul do País no início de 2005. "Ainda que os reflexos no balanço sejam quase nulos, já que é o Tesouro que arca com essa inadimplência, o mercado bateu nos papéis."