Título: Líder preso foi dono de usina e queria ser prefeito
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2005, Nacional, p. A7

Até ser preso pela Polícia Federal, em abril, o empresário Márcio José Pavan circulava em Araçatuba, sua cidade natal, em carros importados ou de helicóptero. Amigo de líderes políticos e empresariais da região, Pavan começou a aumentar seu patrimônio há cinco anos, quando comprou revendedoras de carros e motos. Adquiriu ainda a usina de álcool Alcomira, em Mirandópolis (SP), do prefeito de Araçatuba, o ex-deputado Maluly Netto (PFL). Acusado de ser um dos líderes da organização criminosa comandada por Cesar de la Cruz Mendoza Arrieta, Pavan chegou a ter o nome cogitado pelo PSDB local para disputar as eleições do ano passado. A candidatura não deu certo porque o partido apoiou a candidatura de Maluly à reeleição.

Nos bastidores, comenta-se que Pavan teria contribuído para campanhas de políticos locais e da região, de vários partidos, nas três últimas eleições.

A relação de Pavan e Maluly ficou abalada com a venda da usina - o ex-deputado alegou que foi passado para trás. Em 2003, porém, eles chegaram a um acordo e se uniram para vender a Alcomira ao empresário Walter Luiz Hoelz, acionista majoritário da Companhia Têxtil do Nordeste (CTN). A PF suspeita que a usina tenha sido usada no esquema de fraudes mantido pela quadrilha.

As revendedoras de veículos foram vendidas em 2003. Antes, Pavan chegou a ser anunciado por Maluly como controlador do Banco Interior Paulista, mas a liquidação extrajudicial, decretada em fevereiro de 2001, impediu o prefeito de usar a instituição para gerenciar a dívida ativa de Araçatuba.