Título: Gabrielli assume Petrobrás e promete conter os preços
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2005, Nacional, p. A12

O discurso do novo presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, ao tomar posse ontem no cargo, e o da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na mesma cerimônia, indicam que a companhia continuará evitando transferir para os preços dos combustíveis no Brasil a alta do petróleo no mercado internacional. Gabrielli, que até ontem era diretor financeiro da empresa, afirmou que o mundo está vivendo uma crise de petróleo, com preços crescentes, mas explicou que, no entanto, o impacto disso "quase não foi sentido pelo povo brasileiro graças à ação dos petroleiros e da Petrobrás".

Prestigiado pelas presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros Silas Rondeau (Minas e Energia), Jacques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e Coordenação Institucional) e Nilcéa Freire (Secretaria dos Direitos da Mulher), além de Dilma, Gabrielli enfatizou que essa política de preços foi feita "sem descuidar da rentabilidade da empresa".

Dilma também é presidente do Conselho de Administração da companhia e, depois de lembrar que o Brasil deve atingir a auto-suficiência em petróleo este ano, foi na mesma linha. "Nós também prosseguimos no sentido de cada vez mais tornar a empresa rentável, não para o nível de enriquecimento puro e simples, mas para transformar em riqueza para o País o grande potencial, a imensa qualificação e capacidade técnica da Petrobrás."

José Eduardo Dutra, que deixou a presidência da estatal para se candidatar a um cargo político pelo PT de Sergipe no ano que vem, listou diversos resultados positivos da empresa desde a sua posse em 2003. Comentou que o aumento de lucros da companhia foi de 3% de 2003 para 2004, mas que, na comparação com 2002, o crescimento foi de 120%, "absolutamente alinhado com outras (companhias) do mundo".

Em discurso quase todo formado por resultados positivos, Dutra só lamentou não ter conseguido "resolver a questão da Petros (fundo de pensão dos empregados da estatal)". No início do ano, em fato relevante à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Petrobrás informou que o fundo precisaria ter mais R$ 8,5 bilhões além do que possui para pagar os benefícios dos seus participantes no futuro. "Tenho certeza que na gestão do presidente a questão Gabrielli será resolvida", afirmou.

De novo visual para a posse, sem barba, Gabrielli, estava sorridente. Disse que mais pessoas poderão se tornar acionistas da Petrobrás a partir do desdobramento das ações da empresa, decidido ontem em assembléia realizada em São Paulo. Cada ação da companhia vai ser trocada por quatro, sendo que o preço unitário será também dividido por quatro, facilitando investimentos menores.