Título: Fortes assume Cidades e já tem de se defender
Autor: Leonencio Nossa e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2005, Nacional, p. A13

Ao assumir o Ministério das Cidades, Márcio Fortes (PP) se defendeu ontem da acusação da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontou "indícios veementes" de irregularidades no processo, comandado por ele, de contratação de uma empresa de informática na época em que respondia pela Secretaria Executiva da Agricultura, no governo Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista, Fortes negou qualquer semelhança com o peemedebista Romero Jucá, que passou os últimos cinco meses como ministro da Previdência respondendo a denúncias de corrupção. "Vamos ler o Diário Oficial, que publicou o acórdão do Tribunal de Contas da União", disse Fortes, enfatizando que o TCU arquivou por sete votos a zero o processo envolvendo sua conduta no caso da Poliedro Informática. A empresa recebeu R$ 5,3 milhões para impedir estragos do bug do milênio nos computadores da Agricultura.

Márcio Fortes evitou comentar se os auditores da CGU o perseguem. "Só digo que sempre respeitei decisões do TCU, favoráveis ou desfavoráveis", disse. "Respeito as leis e o Tribunal de Contas da União", completou. A sindicância da controladoria fez com que o presidente Lula adiasse o anúncio da escolha de Fortes para ocupar o ministério na cota do PP, do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE).

Com o auditório do ministério lotado por petistas e funcionários ligados ao ex-ministro, Márcio Fortes fez um discurso para a platéia. Ressaltou que a festa era de Olívio e que também pretendia trabalhar em parceria com movimentos sociais.

Fortes recebeu tímidos aplausos. Apesar da antipatia dos petistas, escapou das vaias. Indicado por Severino e pelo deputado Delfim Neto (PP-SP), ele disse que a chegada ao posto não era vitória do PP, mas do governo.