Título: Polícia apreende arsenal do PCC
Autor: Rita Magalhães, José Maria dos Santos
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/07/2005, Metrópole, p. C3

Armas avaliadas em R$ 500 mil foram descobertas em operação na qual 7 membros da facção foram presos

Uma operação sigilosa deflagrada pelo Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic) levou à apreensão, na madrugada de sábado, um arsenal de guerra avaliado em pelo menos R$ 500 mil pertencente ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Sete integrantes com posição elevada na hierarquia da facção criminosa foram presos e levados à carceragem do departamento. Ninguém da polícia ou da Secretaria de Segurança Pública quis falar oficialmente sobre a operação, cujo resultado impressionou os agentes envolvidos. Primeiro, porque um dos presos foi descrito como um homem "acima de qualquer suspeita", um agente público com cargo diferenciado na instituição em que trabalha.

Outro aspecto que causou espanto foi a qualidade do material bélico apreendido: duas metralhadoras .30 - capazes de derrubar helicópteros e aviões -, lançadores de rojão, fuzis americanos, espingardas calibre 12, dinamites, uma caminhonete lotada de munição e uma carga de explosivo semelhante à que seria usada num ataque à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em novembro de 2002, atentado que a polícia conseguiu impedir.

O montante de dinheiro achado com um dos presos- R$ 150 mil - também chamou a atenção dos policiais. Ele teria sido obtido com o tráfico de drogas. "Se as outras operações foram um golpe contra o PCC, essa foi um verdadeiro nocaute", disse uma fonte da Secretaria de Segurança.

Outro homem preso é apontado como o tesoureiro do PCC. Os movimentos dele estavam sendo monitorados pela polícia havia vários meses. Mas a prisão, programada para ocorrer dentro de suas semanas, foi antecipada por causa de uma briga interna entre os integrantes da facção criminosa.

Grampos telefônicos revelaram à polícia que um dos sususpeitos estava se preparando para fugir, pois teria entrado na relação dos jurados de morte pela organização criminosa em virtude de "problemas contábeis".

As suspeitas são de que todos os homens presos estejam diretamente ligados a Robson Lima Ferreira, de 28 anos, o Marcolinha, e ao líder máximo da facção, Marcos Willians Herbas Camanho, o Marcola. Ambos estão presos, mas manteriam a comunicação com os comparsas na rua por intermédio de celulares - e de visitas, no caso de Marcola, que está no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, onde não tem acesso a telefones.

SEGURANÇA

Na sede do Deic a preocupação ontem com uma possível tentativa de resgate era visível. Cinco veículos estavam estacionados em posição estratégica na frente do departamento. A porta de ferro da entrada, que costuma ficar aberta nos fins de semana, estava trancada com corrente e cadeado.