Título: Janene suspeito de levar R$ 2,9 mi
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2005, Nacional, p. A5

2S transferiu valor para corretora ligada a deputado, conclui CPI Diego Escosteguy e Sérgio Gobetti

A CPI dos Correios descobriu que a 2S Participações transferiu pelo menos R$ 2,94 milhões, no ano passado, para a corretora Bônus-Banval, ligada ao deputado José Janene (PP-PR). Sua filha Michelle Janene trabalhou na corretora no ano passado. O dinheiro da conta da 2S no Banco do Brasil foi transferido eletronicamente para a Bônus-Banval. A CPI investiga as evidências de que a corretora foi usada para pagar o mensalão. As transferências de R$ 2,94 milhões não são, segundo a CPI, o primeiro registro de operações bancárias entre o publicitário Marcos Valério e a corretora. Benoni Nascimento de Moura, funcionário da Bônus-Banval, sacou R$ 255 mil em dinheiro da conta da agência DNA, de que Marcos Valério é dono. A operação foi feita em 10 de setembro de 2004, mas pela conta da DNA no Banco Rural.

Haveria outro saque no Rural, feito pelo diretor da corretora Luiz Carlos Masano. Nos registros da CPI, ele retirou em junho de 2004 R$ 50 mil da conta da agência SMPB, também de Valério. Os papéis entregues pelo banco à CPI só indicam o número de identidade dele.

Por meio da assessoria, a corretora afirma "desconhecer" as transferências da 2S para sua conta, mas admite o saque de Benoni. No caso de Masano, assegura que não foi ele o autor da retirada, embora o número de identidade registrado no Rural seja mesmo do funcionário.

O rastreamento da CPI mostra que os R$ 2,94 milhões foram enviados pela 2S em sete transferências eletrônicas, entre fevereiro e maio do ano passado. Os valores variam de R$ 50 mil a R$ 1 milhão. O dia com maiores transferências é 23 de maio de 2004 - a corretora recebeu R$ 1,2 milhão.

Outra movimentação suspeita de Valério identificada pelos técnicos são depósitos na conta da Garanhuns Empreendimentos, Intermediação e Participação Ltda. A empresa tem sua sede em São Paulo e recebeu pelo menos R$ 2,42 milhões ao longo de 2003 da conta da SMPB no Rural. O levantamento da CPI ainda é parcial.

Os técnicos do Banco Central que assessoram a CPI suspeitam que a Garanhuns seja ligada a doleiros. O motivo da desconfiança é o endereço da empresa, numa área de São Paulo repleta de casas de câmbio.