Título: 'Foi o preço justo para participação no controle'
Autor: Lourival Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2005, Nacional, p. A11

O acordo entre os fundos de pensão (Previ, Petros e Funcef) e o Citibank dá prioridade à venda conjunta da participação acionária de ambos a um outro investidor. No caso dessa venda não se efetivar até o final de 2007, os fundos ficam realmente obrigados a comprar a participação do banco no controle da Brasil Telecom pelo valor de R$ 1,057 bilhão, confirmou o presidente da Previ, Sérgio Rosa. Ele negou, porém, que tenha sido estipulado qualquer comissão pelo negócio. "É um absurdo. Como haveria um prêmio financeiro de R$ 200 milhões que não tivesse sido contabilizado em lugar algum? É um absurdo achar que esse acordo foi comprado ou que existiu qualquer valor por fora envolvendo instituições do porte da Previ e do Citibank." Ele lembrou que, em negócios desse tipo, às vezes há remuneração para o adviser (intermediário financeiro), "mas nem este foi o caso". Rosa refutou ainda as avaliações de mercado sobre o preço, que seria extremamente elevado. "Foi um preço justo para participação de controle", mas concordou que o Citibank obteve uma garantia maior que do que a dos fundos no negócio, já que os fundos ficarão obrigados a comprar a parte do banco, mas não o contrário. De qualquer forma, ele lembrou que ambos estarão empenhados em vender suas participações antes do vencimento do prazo do acordo.

Rosa disse, ainda, que o negócio não foi conduzido "às escondidas", como acusou Henrique Pizolatto, que se desligou do conselho deliberativo da Previ na semana passada, quando aposentou-se do Banco do Brasil em meio a denúncias de envolvimento no escândalo dos saques milionários no Banco Rural, feitos na conta das empresas de Marcos Valério.

"Negócios como estes são de competência da diretoria da Previ e envolvem cláusulas de confidencialidade", argumentou, mostrando-se surpreso com acusações de Pizolatto. "Não sei a que eu posso atribuir (as acusações). Dois meses atrás fizemos uma apresentação completa desse assunto no Conselho Deliberativo. Foram três horas de reunião, apresentamos todas as informações e o conselho se declarou totalmente satisfeito com os procedimentos."

Sérgio Rosa desmentiu rumores de atritos entre o conselho deliberativo e a diretoria executiva da Previ. Declarou que o relacionamento com Pizolatto e os outros conselheiros era "normal" e disse ter ficado surpreso também ao tomar conhecimento, na semana passada, das ligações do presidente do conselho com o empresário Marcos Valério e com a decisão de Pizolatto de se aposentar, sem comunicação prévia ao fundo, do qual se afastou automaticamente.

"É difícil de entender tudo isso", diz o presidente da Previ. "Não posso entender o porquê da decisão dele (Pizolatto) de estar fazendo essas declarações nesse minuto." Rosa disse que somente na quinta-feira soube do saque feito no Banco Rural pelo mensageiro da Previ Luiz Eduardo Ferreira da Silva. "O Duda primeiro não lembrava dessa operação. No dia seguinte, confirmou aos auditores da Previ ter ido ao Rural a mando de Pizolatto. Tratamos essa questão com a maior cautela possível. Enviamos a gravação à direção do Banco do Brasil", disse.