Título: Argentina começa a complicar entrada de calçado brasileiro
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2005, Economia & Negócios, p. B7

O governo argentino vai começar, nesta semana, uma nova ofensiva contra produtos brasileiros, segundo anunciou extra-oficialmente o ministro da Economia, Roberto Lavagna, em reunião com a diretoria da União Industrial Argentina (UIA). Agora, serão aplicadas licenças não automáticas para a entrada de calçados brasileiros e chineses. Essas licenças aumentam a burocracia alfandegária e a liberação do produto, que normalmente leva 10 dias, passa a demorar de 30 a 60 dias. Com isso, os importadores desistem da compra. Os empresários da UIA querem proteção contra uma "invasão" de produtos brasileiros. E o tom das reclamações cresce sempre que são divulgados os dados da balança comercial entre os dois países.

Desde o ano passado, a balança é deficitária para a Argentina. Só no primeiro semestre deste ano a Argentina exportou ao Brasil US$ 2,98 bilhões e importou US$ 4,54 bilhões. As exportações aumentaram 17% no semestre, ante mesmo período do ano passado. As importações, na mesma base de comparação, cresceram 38,6%.

O presidente da UIA, Héctor Méndez, afirmou que os industriais argentinos estão preocupados com a expectativa de crescimento menor do que o esperado da economia brasileira. Ele acha que, com isso, os brasileiros venderiam ao mercado argentino grande parte da produção que não conseguissem vender no Brasil.

Há pouco mais de um mês, Kirchner, por meio do Banco Central, complicou as exportações para a Argentina com resolução que exige o pagamento à vista para a importação de bens de consumo, o que atinge diretamente o Brasil.

BRINQUEDOS

A Câmara da Indústria dos Brinquedos da Argentina (Caif) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) solicitarão permissão à Organização Mundial do Comércio (OMC) para aplicar salvaguardas contra a invasão de produtos chineses no Mercosul. O setor de brinquedos é um dos raros casos de união entre empresários dos dois países para combater a ameaça de um inimigo comum.

No primeiro semestre deste ano, as duas entidades registraram aumento de 75% na entrada de brinquedos chineses nos países do Mercosul em relação ao mesmo período de 2004.