Título: Colombiano é o favorito para BID
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2005, Economia & Negócios, p. B10

O embaixador da Colômbia nos Estados Unidos, Luis Alberto Moreno, emergiu como favorito na eleição para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), marcada para hoje. De acordo com fontes do BID que acompanham os movimentos dos cinco candidatos na briga pelo apoio dos 47 países da instituição, dois fatos deram impulso ao colombiano nas últimas 48 horas: a forte inclinação do Canadá e do México de acompanhar os EUA e dar-lhe seu voto; e a decisão do Uruguai de negar seu voto ao candidato do Brasil, o economista João Sayad, vice-presidente licenciado do BID, e apoiar Moreno.

Fontes brasileiras e uruguaias descreveram o gesto de Montevidéu como acerto de contas pela iniciativa que o Itamaraty teve no início do ano de dividir o Mercosul na disputa pela direção da Organização Mundial de Comércio (OMC) e apresentar candidato próprio, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, para solapar o pretendente uruguaio Carlos Perez del Castillo.

O francês Pascal Lamy ganhou do uruguaio, aparentemente com o voto do Brasil, que passou a ser visto como persona non grata no Itamaraty por ter adotado posições próximas daquelas dos EUA e da União Européia, na questão dos subsídios agrícolas, na fracassada reunião da OMC de Cancún em 2003.

Segundo essas fontes, Moreno estava mais próximo do que Sayad de obter a dupla maioria necessária para a escolha do sucessor do uruguaio Enrique Iglesias: ele tinha votos garantidos de pelo menos 10 do mínimo de 15 países do hemisfério requeridos para alcançar a maioria regional; e já somava, com o apoio de alguns países não regionais, como a Inglaterra, mais de 40% do capital acionário.

As gestões feitas ontem pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com governadores e diretores-executivos de vários países e com o secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, não pareciam ter alterado o quadro.

As dificuldades de Sayad eram ilustradas, ontem, por informações recebidas pelo Brasil segundo as quais o voto do Paraguai já não podia ser considerado certo e que até mesmo o Haiti, onde o Brasil lidera uma Força de Paz da ONU, penderia para o lado de Moreno.

Se Moreno não alcançar as duas maiorias na primeira votação, na manhã de hoje, os três candidatos que devem ser os menos votados - o nicaragüense Mario Alonso, o peruano Pedro Pablo Kuczynski e venezuelano José Alejandro Rojas - desistirão. Dependendo de como os votos desses candidatos se distribuírem numa segunda votação para decidir entre Moreno e Sayad, o brasileiro poderia, em tese, alcançar a maioria de 15 votos.

Se não houver maioria, o BID terá de decidir as regras, que podem incluir a abertura de um período para apresentação de novos candidatos e nova eleição antes de 30 de setembro.