Título: PT é irresponsável, diz líder do PFL
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/07/2005, Nacional, p. A5

Segundo Agripino, a oposição não tem nenhum controle sobre a avalanche de denúncias que atingem o governo

BRASÍLIA - O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), classificou ontem de "irresponsável" a estratégia do PT de buscar apoio nos movimentos sociais para defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição nega que o afastamento ou a renúncia de Lula sejam de seu interesse. Na avaliação de Agripino Maia, o governo está sem suporte político, sem credibilidade e sem respeitabilidade. "Resta a ele, Lula, exibir suas armas. E é uma irresponsabilidade essa exibição de forças que podem se contrapor."

Ele observou que os partidos de oposição não têm nenhum controle sobre a avalanche de denúncias que estão atingindo o PT e o governo. "Então essa historinha de dizer que a oposição quer o impeachment do Lula não tem nada a ver. Quem está provocando o desgaste do PT e do governo não somos nós."

"Se alguém de nós tivesse trabalhando pelo impeachment do presidente Lula, não seria difícil juntar elementos. Mas a oposição é séria e responsável", afirmou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), um dos integrantes da CPI dos Correios. "Eles é que ficam achando que o Lula é passível de impeachment", completou. "Não nos interessa nem renúncia nem impeachment. Interessa que ele (Lula) vá até o fim do governo. Estão procurando um bode expiatório para as mazelas deles", disse Agripino Maia.

"Se os petistas estão preocupados com o impeachment, é porque eles sabem de algo que nós desconhecemos", ironizou o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), líder do partido na Câmara. Ele afirmou que a oposição não trabalha pelo impeachment, mas por outro lado não vai cercear as investigações. "Não pode haver blindagem para ninguém, nem para o presidente Lula", disse. "Mas, no caso do presidente, requer que tenhamos mais precaução."

Para Agripino Maia, as últimas aparições públicas do presidente em São Bernardo do Campo, berço do movimento sindical e do PT, são uma "provocação". Anteontem, um dia depois de reclamar das elites brasileiras, Lula foi ao Sindicato dos Metalúrgicos, onde reuniu 2,5 mil pessoas que fizeram um ato de desagravo a ele e prometeram ir às ruas caso alguém tente tirá-lo da Presidência antes do fim do mandato. "Ele foi mostrar as armas dele; quis mostrar que os movimentos sociais estão a seu lado."

"Lula fez um discurso primeiro reclamando das elites e agora esses caras do PT vêm com essa história delirante de que vão mobilizar as massas", completou Paes. Ele está certo de que Lula conhecia o esquema montado pelo o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para arrecadar fundos para o partido. "O presidente é muito centralizador para não ter nenhum conhecimento dos fatos."

Paes ressaltou, no entanto, que a oposição só pretende fazer acusações quando surgirem provas concretas. "Ninguém merece execução sumária. O PSDB vai apurar tudo até o fim com muita responsabilidade", afirmou. "Mas essa história não tem mais volta. O presidente Lula vai ter de sangrar algumas pessoas do PT", concluiu o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator da CPI dos Correios.