Título: Para OAB, Lula é omisso e faz bravata
Autor: Ligia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/07/2005, Nacional, p. A5

Busato cobra clareza do presidente e ataca o velho discurso de conspiração das elites

BRASÍLIA - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, cobrou clareza do presidente Lula sobre se tinha ou não conhecimento do mensalão. "A situação política está se deteriorando, as instituições vão sendo paralisadas e o presidente não vem a público se explicar, o que só agrava o quadro." Numa das notas mais incisivas emitidas pela OAB nos últimos tempos, Busato diz que Lula adotou posição omissa diante de uma das mais graves crises políticas do País. "Ele não vem a público prestar esclarecimentos tão exigidos pela opinião pública e prefere continuar fazendo bravatas e apelar para o velho discurso de que as elites estão conspirando contra seu governo." E classificou como "algo vazio de significado" ou "piada de mau gosto" as afirmações de Lula de que ninguém poderia discutir ética no País com ele. "A omissão do presidente tem feito muito mal ao País, pois ele tem visto a lama dos escândalos bater às portas de seu gabinete desde fevereiro do ano passado, quando estourou o caso Waldomiro Diniz." Busato afirma que o governo, em lugar de punir envolvidos nos escândalos, coloca panos quentes, desde o episódio de Waldomiro.

"Nesse caso como em outros, abafou, iludiu e tapeou e só deixou crescer essa prática de corrupção numa velocidade inédita no País." Busato avalia que, se Waldomiro tivesse sido demitido na época, "com certeza teria cortado pela raiz uma crise que só se agravou de lá para cá em razão da impunidade e da falta de mão firme do presidente".

Sobre a reforma ministerial, Busato afirma que ela é apenas uma forma de "escamotear" a crise. E observa que nomes indicados não têm currículo superior aos dos que foram demitidos.

Busato não hesita em dizer que a crise atual é maior do que a enfrentada no período do então presidente Fernando Collor. "Naquela época, foi um pequeno grupo que resolveu assaltar o País; agora, um grupo no governo resolveu assaltar as instituições públicas."