Título: Telecom Itália tenta volta ao controle
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. B15

O presidente da Telecom Italia, Paolo Dal Pino, afirmou ontem que não está mais interessado nas participações do Citigroup e dos fundos de pensão na Brasil Telecom. Ele garantiu que trabalhará agora única e exclusivamente para que o acordo de acionistas seja cumprido e ele possa exercer seus direitos na empresa, retomando a participação que tinha antes do lançamento da TIM. A Telecom Italia agora fundamentará sua batalha no entendimento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgado ontem. A agência publicou despacho do presidente Elifas Gurgel do Amaral afirmando que o grupo italiano já retornou ao bloco de comando da Brasil Telecom, em 28 de abril, quando encerrou a disputa com Daniel Dantas. A partir dessa data começou a ser contado o prazo de 18 meses para solução da sobreposição de licenças celulares entre a TIM, da Telecom Italia, e a Brasil Telecom, proibida pela regulamentação.

O executivo afirmou que a participação do Citi já estaria previamente vendida para as fundações em razão da existência de um acordo. Dal Pino voltou a provocar os fundos dizendo que vende a eles sua participação desde que seja pelo preço embutido na transação com o Citigroup.

O relacionamento com as fundações tornou-se ainda pior depois que foi realizada ontem uma assembléia considerada ilegítima pelos italianos, na qual não foram eleitos os representantes que eles têm direito com base no acordo de acionistas da empresa. A Telecom Italia deve ter dois conselheiros em Solpart, a controladora direta da empresa, um na holding Brasil Telecom Participações e mais outros dois na operadora.

Dal Pino disse que brigará na Justiça para que o acordo de acionistas seja executado, pois entende que desde o acerto com o Opportunity encerrou os litígios que o impediam de retomar sua posição no controle. Caso fundos e Citi entrassem em acordo com a Telecom Italia, o grupo estrangeiro teria direito, inicialmente, a conselheiros independentes até que fossem resolvidas as questões de sobreposição de licenças.

Questionado, Dal Pino afirmou que o preço pago ao Opportunity embutia um prêmio em razão das dificuldades que Dantas colocava para que a Telecom Italia exercesse seus direitos, previstos em acordo e não respeitados. O executivo disse que não está disposto a pagar este mesmo valor aos fundos e ao Citi.