Título: Opportunity perde disputa na BrT
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. B15

Os fundos de pensão (entre eles o Previ, do Banco do Brasil) e o Citigroup estão a um passo de assumir o controle da operadora de telefonia fixa Brasil Telecom, pondo fim a uma longa e atribulada disputa com o Banco Opportunity, de Daniel Dantas. Ontem, eles destituíram os representantes do banco no conselho de administração da Brasil Telecom Participações, que controla diretamente a operadora dentro da cadeia societária da concessionária, que envolve várias companhias. O próximo passo é a destituição de Carla Cico da presidência da operadora, mas ainda não há data marcada para a assembléia da Brasil Telecom S/A. As disputas entre os fundos de pensão e o Opportunity envolvem outras operadoras de telefonia, como Telemig Celular e Amazônia Celular. Essas empresas aparecem várias vezes na lista de depositantes na conta da agência de publicidade DNA, de Marcos Valério, personagem das denúncias de corrupção no governo.

A decisão de ontem foi tomada em meio a uma batalha judicial. Fundos de pensão e o Citigroup realizaram uma assembléia em que elegeram para a presidência do conselho o advogado do Citigroup, Sérgio Spinelli, que assume o lugar de Luís Octavio Motta Veiga.

Opportunity e Telecom Italia tentaram até o último momento impedir a reunião e questionam sua validade. Eles conseguiram na 2ª Vara da Justiça Federal em Santa Catarina uma liminar suspendendo-a. Na noite de terça-feira, Motta Veiga divulgou um fato relevante cancelando a assembléia.

Os fundos e o Citigroup ignoraram a decisão judicial e realizaram o encontro na sede da Brasil Telecom, em Brasília. Segundo o sócio-diretor da Angra Partners, Ricardo Knoepfelmacher, que participou da reunião representando fundos e Citigroup, não houve intimação oficial da Justiça sobre a decisão de Santa Catarina. Ainda assim, ele não considera válida a liminar, já que, alega, há uma determinação anterior do Superior Tribunal de Justiça de que decisões ligadas às mudanças na Brasil Telecom devem se concentrar na 4ª Vara da Justiça Federal de Brasília.

Advogados do Opportunity e da Telecom Italia não reconhecem a assembléia. Eles dizem que o estatuto social exige que um representante da companhia instale a assembléia e que a lei das sociedades anônimas estabelece a presença de pelo menos 25% dos acionistas, o que não teria ocorrido.