Título: Planalto fará devassa em contratos
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2005, Nacional, p. A7

O secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, vai submeter a uma auditoria todos os contratos de publicidade do governo na administração direta e indireta. Os contratos estão sob suspeita desde que estourou o escândalo que envolve o governo, o PT e as empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza. Toda a comunicação do governo estava sob responsabilidade do ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica Luiz Gushiken, que foi rebaixado e cuida do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência. Outro que deixará o governo é Marcos Flora, que era secretário-executivo da Secom.

No ano passado, o gasto do governo federal e das estatais com publicidade chegou a R$ 867,12 milhões, não computados patrocínios, produção e publicidade legal - editais de licitação publicados nos jornais, por exemplo. Neste ano, apesar de o mês de julho já estar no final, o governo não tornou públicos os dados sobre o setor. Nem poderia ter números exatos, porque muitos contratos estão sendo desfeitos, especialmente com a SMPB e a DNA, de Valério.

Sem Marcos Flora, que conhece todo o funcionamento da estratégica área de publicidade, Dulci terá de começar praticamente do zero a equipe que vai cuidar da publicidade.

PODER

Ao empurrar para a Secretaria-Geral da Presidência a área da comunicação, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, conseguiu devolver à pasta o poder que havia perdido. Depois de demitir praticamente toda a equipe do ex-ministro José Dirceu, Dilma livrou-se daquela que é tida por ela como "um inferno, um abacaxi sem tamanho".

Dilma relutou desde o início em cuidar da publicidade oficial. Ao ser informada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que ficaria com o setor, depois da extinção da Secom, Dilma mostrou descontentamento. Telefonou para o ainda ministro Luiz Gushiken e avisou: "Não quero a Secom comigo, isso não tem nada a ver com a Casa Civil." Gushiken respondeu: "O presidente decidiu assim. Então, conversa com ele."

Na semana passada, o ainda ministro Gushiken disse ao Em Questão, informativo da Secom, que os recursos do governo destinados às duas agências de Valério totalizaram R$ 296 milhões, de 2003 até hoje. Desse montante, pela média do mercado publicitário, foram alocados cerca de R$ 203 milhões em veiculação de mídia e cerca de R$ 93 milhões com produção.